Destaques

SABER COOPERAR
29/04/2025
Cooperativas promovem inclusão econômica de mulheres com trabalho e oportunidades
As cooperativas constroem um mundo melhor para muitas mulheres. Com um modelo de negócios justo e democrático, elas promovem a igualdade de gênero por meio da inclusão produtiva de mulheres, fomentando sua independência financeira, autonomia e desenvolvimento. Ao desempenhar esses papéis, as coops têm contribuído significativamente para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, meta traçada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” até 2030. “É fundamental lembrar que a igualdade de gênero não é só uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento e prosperidade. Quando as mulheres têm igualdade de oportunidades, toda a sociedade se beneficia”, destacou a presidente do Comitê de Igualdade de Gênero da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Xiomara Nuñez de Céspedes, em mensagem no Dia Internacional das Mulheres. Segundo ela, quando as mulheres conquistam sua independência econômica, reinvestem os ganhos em suas famílias e comunidades, multiplicando o impacto das cooperativas para o progresso econômico e social. Em um informe global sobre como as coops contribuem para o ODS 5, o Comitê para a Promoção e Avanço das Cooperativas (Copac) também destaca que o cooperativismo tem apoiado mulheres em todo o mundo a romper barreiras que impedem seu empoderamento social e econômico. Além de criar oportunidades econômicas, as cooperativas garantem ambientes de trabalho seguros e dignos para as mulheres, e promovem a criação de redes de confiança por meio do apoio mútuo e ação coletiva. “Essas redes criam espaços para que as mulheres, especialmente as mais expostas à exclusão social ou econômica, possam se organizar e lutar por seus direitos. Através das experiências compartilhadas e da solidariedade, as cooperativas ajudam as mulheres a ampliar sua voz, tanto em suas comunidades quanto em âmbitos institucionais”, aponta o comitê. No cooperativismo brasileiro, 9 milhões de mulheres representam 41% dos cooperados. Elas são maioria na força de trabalho das cooperativas, com 52% de representação entre os empregados do setor, e contribuem para o coop em todos os ramos. Entre as lideranças das cooperativas, as mulheres ocupam 23% dos cargos de alta gestão, percentual que vem crescendo desde 2020, segundo dados do Anuário Coop 2024. “O cooperativismo tem feito a diferença na vida de mulheres em todas as regiões do país, tanto nas cidades como nas regiões rurais. Organizadas em cooperativas, elas conquistam renda digna, autonomia financeira e poder de decisão. O cooperativismo também é uma janela de oportunidade para o equilíbrio entre trabalho e família, com redução da vulnerabilidade social e oportunidades de capacitação e crescimento profissional”, destaca a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta. Flores paraibanas Na pequena Pilões (PB), a 140 quilômetros de João Pessoa, a Cooperativa dos Floricultores do Estado da Paraíba (Cofep) foi o primeiro empreendimento a cultivar flores em estufa do estado. Majoritariamente feminina, a coop tem 34 associados, sendo 28 mulheres e cinco homens. Há mais de 20 anos, a Cofep comercializa crisântemos de corte produzidos em estufa. Planta milenar de origem asiática, o crisântemo simboliza força, longevidade e felicidade, além de ser um sinal de boa sorte em muitas culturas orientais. Para a cooperativa de mulheres paraibanas, a flor tem garantido trabalho e renda e ampliado os horizontes do pequeno município de 7 mil habitantes. Além das espécies ornamentais, as cooperadas produzem variedades comestíveis, contribuindo para o reconhecimento de Pilões como “Cidade das Flores”. A produção é vendida na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A presidente da Cofep, Maria Helena Lourenço, destaca o papel da cooperativa para a independência financeira de mulheres na região. “Como a cooperativa fica localizada na zona rural, muitas mulheres da comunidade trabalham lá mesmo na Cofep e não precisam se deslocar para a cidade para trabalhar, garantindo emprego e renda para a comunidade”. Além de contribuir para inclusão produtiva das mulheres de Pilões, a cooperativa também é uma aliada das cooperadas contra a violência doméstica. “A Cofep está sempre unida e incentivando as mulheres a denunciar a violência, ajudando as que mais precisam. A cooperativa trouxe esperança para a comunidade, principalmente para as mulheres que não tinham renda e só dependiam dos maridos”, conta a gestora. Segundo ela, a atuação da cooperativa foi fundamental para reduzir os registros de violência doméstica entre as cooperadas, tanto pela independência financeira quanto pela informação sobre seus direitos. “Sempre nos reunimos para discutir esse tema na Cofep e defendemos que a mulher deve denunciar e nunca se calar diante de uma violência”, ressaltou Maria Helena. A cooperativa já recebeu prêmios como o Mulher Empreendedora (Sebrae), Voz Mulher (Banco Mundial), Inovação Tecnológica (Finep), além de outros reconhecimentos regionais, nacionais e internacionais. Em um novo passo para ampliar os negócios, a Cofep abriu suas portas para receber turistas interessados na produção de flores da região do Brejo Paraibano. A visita faz parte do projeto Rota das Flores, que tem atraído viajantes da Paraíba e de outras partes do país, segundo Maria Helena. “Além da experiência de conhecer nossa produção nas estufas, também oferecemos degustação de flores comestíveis. As pessoas têm gostado muito, o que é bom para a cooperativa e para as famílias produtoras”, comemora a presidente da Cofep. Bordando oportunidades No Cerrado brasileiro, em Goiás, mulheres de todas as idades estão tecendo um novo caminho de superação e autonomia, por meio do bordado, na Bordana Cooperativa. São 14 anos de união, partilha e amizade feminina no ambiente de trabalho. Dos 30 cooperados, 28 são mulheres. A coop foi reconhecida como uma das 100 unidades artesanais mais competitivas do Brasil pelo Sebrae, em 2018 e 2022, e produz peças bordadas à mão inspiradas no bioma Cerrado, como almofadas, bolsas, jogos americanos, guardanapos e quadros decorativos. A Bordana tem origem na vontade de transformar o bordado em uma ferramenta de inclusão social e econômica, especialmente para mulheres que muitas vezes enfrentam dificuldades no mercado de trabalho tradicional. “São mães, avós e mulheres com diferentes trajetórias, que encontram na cooperativa um espaço de socialização, autonomia financeira, criatividade e sororidade. A cooperativa oferece um ambiente acolhedor e flexível, permitindo que as cooperadas conciliem o trabalho com suas responsabilidades familiares”, explica a fundadora e presidente da coop, Celma Grace. A Bordana tem um significado ainda mais especial para Celma, pois foi criada em homenagem à sua filha caçula, Ana, que faleceu aos 10 anos e sonhava em ser estilista. Contando com um grupo diverso, com associadas que vão da faixa etária de 22 a 84 anos de idade, a coop tem sido mais do que uma fonte de renda para as associadas. Ela representa um lugar de acolhimento. “É um espaço de cura, onde as pessoas se apoiam mutuamente, compartilham experiências e constroem laços de amizade. A cooperativa promove rodas de conversas semanais, encontros, oficinas e eventos que fortalecem o senso de comunidade e o bem-estar das cooperadas. As mulheres compartilham experiências, dificuldades e conquistas, criando uma rede de apoio que vai além do bordado. Aqui, o diálogo e a escuta ativa fazem parte da rotina e muitas cooperadas encontram na Bordana um refúgio emocional e uma nova motivação para seguir em frente”, lista a gestora. A coop conquistou uma posição competitiva no mercado de artesanato ao longo dos anos, avançando em características como inovação, criatividade e compromisso com a sustentabilidade. A Bordana também assumiu o compromisso de que a arte do bordado seja acessível a mais mulheres, e criou um núcleo de formação que capacita novas bordadeiras. Tanta dedicação tem gerado frutos para as associadas, com prêmios, participação em eventos nacionais e, principalmente, retorno financeiro justo e proporcional ao trabalho de cada uma, garantindo autonomia e dignidade. “O modelo cooperativista permite a distribuição dos resultados de forma equilibrada, promovendo a inclusão social e econômica para muitas mulheres que antes não tinham essa oportunidade”, destaca Celma Grace. Além da inclusão econômica, a Bordana também garante representatividade às bordadeiras goianas em eventos e capacitações sobre temas como direitos das mulheres, liderança feminina e empreendedorismo social. A coop é engajada ativamente em movimentos que promovem a igualdade de gênero, o empoderamento feminino e o desenvolvimento sustentável e participa dos Comitês Elas pelo Coop e de Economia Solidária do Sistema OCB/Goiás, do Centro Popular da Mulher/GO e do Fórum de Participação Social do Governo Federal, fortalecendo sua atuação em defesa dos direitos das mulheres. Cada peça bordada representa uma história de transformação e empoderamento feminino. A Bordana prova que cooperativismo, arte e impacto social podem caminhar juntos para mudar vidas”, ressalta a presidente. Para a ampliar a participação de mulheres no cooperativismo, especialmente em cargos de liderança, o Sistema OCB criou, em 2020, o Comitê Nacional de Mulheres Elas pelo Coop, uma rede de intercooperação em que representantes de todo o país buscam a construção coletiva de projetos e propostas que contribuam para um coop mais diverso e democrático. Além do grupo nacional, também há comitês Elas pelo Coop estaduais e o Sistema OCB estimula a criação dos colegiados nas cooperativas. Para apoiar as cooperativas a colocar em prática as iniciativas de inclusão feminina, o Sistema OCB disponibiliza o Manual de Implementação de Comitês de Mulheres nas Cooperativas, com o passo a passo para estruturar a criação dos grupos em cada coop, do planejamento à formação continuada das participantes. Além disso, para incentivar as coops brasileiras a incorporar políticas de inclusão e valorização das mulheres em seus planejamentos estratégicos, o Sistema OCB disponibiliza o Guia de Implantação de Estratégias em Inclusão, Diversidade e Equidade.
SABER COOPERAR
29/04/2025
Cooperativas de seguros chegam a setor estratégico com inclusão e transparência
A criação do ramo Seguros abre para as cooperativas brasileiras um mercado promissor, que movimentou R$ 435 bilhões em receitas em 2024, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A porta de entrada do cooperativismo nesse segmento foi a Lei Complementar nº 213/2025, uma conquista histórica que teve a participação direta do Sistema OCB.
Sancionada em janeiro, a lei garante que as cooperativas operem em todos os segmentos de seguros privados – exceto capitalização aberta e repartição de capitais de cobertura – ampliando o acesso ao serviço para milhões de brasileiros que ainda não o possuem. Até agora, as coops podiam atuar apenas nos seguros agrícolas, de saúde e de acidentes de trabalho.
Desde 2012, quando a ampliação da participação das cooperativas no mercado de seguros entrou na pauta do Congresso Nacional, a área de Relações Institucionais do Sistema OCB atuou junto à Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), teve reuniões estratégicas com a Susep e o Ministério da Fazenda, além de outras frentes de diálogo, para garantir uma legislação favorável ao coop. O resultado é uma regulamentação em conformidade com as diretrizes do Sistema Nacional de Seguros Privados, mas sem perder de vista a essência do modelo cooperativista.
“Esse é um momento histórico para o cooperativismo brasileiro. A Lei Complementar 213/2025 coloca o Brasil em novo patamar legal e regulatório no setor de seguros, em conformidade com as melhores experiências internacionais. O cooperativismo fortalecerá sua presença nas comunidades, ampliará seu portfólio de produtos e serviços, reterá mais recursos e riquezas dentro do sistema, ampliará as experiências intercooperativas e reforçará a sua imagem junto à sociedade brasileira”, destaca o coordenador de Ramos do Sistema OCB, Hugo Andrade.
A lei inaugura uma nova fase para o cooperativismo e para milhões de brasileiros que terão acesso a seguros mais acessíveis e com a marca cooperativista da inclusão, participação democrática e efetiva dos cooperados.
Segundo pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) e Instituto Datafolha realizada em setembro de 2024, 54% dos brasileiros têm a intenção de contratar um seguro e/ou previdência privada num futuro próximo, o que mostra o tamanho do mercado potencial para as cooperativas.
“As cooperativas de seguros possuem características únicas que beneficiarão diretamente os usuários. Os segurados podem esperar serviços justos e transparentes, produtos personalizados, proximidade, diversos canais de distribuição, participação na gestão e na distribuição dos resultados e apoio irrestrito a eles nos momentos mais difíceis, como doenças e perdas patrimoniais”, afirma Andrade.
Outro dado relevante, divulgado pela Susep no 11º Relatório de Análise e Acompanhamento dos Mercados Supervisionados, é a alta concentração do setor, com 34% do mercado operado por cinco grandes seguradoras.
Uma realidade que a chegada das cooperativas de seguros pode ajudar a mudar, com a ampliação da concorrência, democratização dos serviços e o desenvolvimento de todo o setor, alinhando o Brasil a uma realidade consolidada em diversos países.
Coops de seguros no mercado global
Em diferentes partes do mundo, o modelo cooperativista tem se mostrado uma alternativa eficaz para ampliar o acesso a seguros, impulsionando a inclusão financeira e gerando impactos sociais positivos.
De acordo com o relatório The Global Mutual Market Share 2024, publicado pela International Cooperative and Mutual Insurance Federation (ICMIF), o setor de seguros cooperativos e mutualistas representa 26,3% do mercado global do setor. As coops de seguros atendem a 889 milhões de cooperados segurados, geram 1,2 milhão de empregos e USD 1,41 trilhão em receitas anuais, segundo dados de 2022.
Em 14 países, a participação das coops no mercado de seguros ultrapassa um terço. Nos Estados Unidos e na Alemanha, o percentual é de cerca de 40%; e na França, nos Países Baixos e na Finlândia as cooperativas são maioria no segmento, com 54,8%, 59% e 61% de participação, respectivamente.
O setor cooperativo de seguros tem apresentado crescimento nos últimos anos e a tendência é seguir em expansão. Na América Latina, segundo o relatório do ICMIF, as seguradoras cooperativas e mútuas da região atingiram um recorde de USD 20 bilhões em receitas em 2022, com 32 milhões de segurados e 47 mil empregos diretos. Com o novo ramo Seguros, o coop brasileiro ganhará destaque nesse mapa.
O exemplo da Seguros Unimed mostra o futuro de bons resultados que está por vir. Criada em 1989, a cooperativa tem 6,5 milhões de segurados nos segmentos de saúde, odontologia, vida, previdência e ramos elementares (como seguros patrimoniais e de responsabilidade civil médica). Com presença em todo o país, a seguradora S.A. do Sistema Unimed se destaca por preços competitivos, atenção às demandas locais e impacto social nas comunidades onde atua.
Próximos passos
Após a sanção da lei e oficialização do ramo Seguros, a etapa agora é a edição das normas complementares pela Susep e pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). Esta fase incluirá a definição de regras específicas para a autorização e funcionamento das cooperativas de seguros, critérios para a constituição das sociedades cooperativas de seguros, diretrizes para a formação de reservas técnicas, capital mínimo e solvência, além de normas contábeis e de prestação de informações.
“Criamos um grupo de trabalho e estamos acompanhando tecnicamente a Susep na construção normativa para buscar assegurar que as regras respeitem a identidade jurídica, operacional e de governança do cooperativismo. Também temos trabalhado na articulação para criação de modelos cooperativos viáveis, mobilizando sistemas cooperativos diversos e buscando fortalecer a intercooperação”, explica Hugo Andrade.
A expectativa do Sistema OCB é que a regulamentação das cooperativas seguradoras seja realizada até o final de 2025, e as primeiras coops do ramo autorizadas a operar no primeiro semestre de 2026. Até lá, a instituição trabalha em conjunto com as Organizações Estaduais na estruturação de negócios e antecipação de requisitos técnicos, como modelos de governança e estrutura de capital.
Futuro e desafios do setor
Além do enorme potencial financeiro, as cooperativas brasileiras de seguros entrarão no mercado em meio a desafios que devem promover profundas transformações no segmento nos próximos anos. Em seu relatório Tech Trends 2025, um guia sobre tendências tecnológicas, a futurista Amy Webb destaca as mudanças que a Inteligência Artificial (IA) e o aquecimento global irão provocar nos negócios das seguradoras.
Ao mesmo tempo que a IA tem ajudado o setor a agilizar processos de análise de riscos, detecção de fraude e gestão de sinistros, o uso dessa ferramenta, segundo a futurista, exigirá atenção redobrada quanto à transparência, ética e responsabilidade sobre os resultados gerados por algoritmos.
Em relação às mudanças climáticas, o setor de seguros já enfrenta uma crise devido a eventos climáticos extremos que resultaram em US$ 320 bilhões em perdas globais em 2024. A estimativa é que apenas os incêndios florestais que atingiram Los Angeles, nos Estados Unidos, em janeiro deste ano, geraram perdas de US$ 250 bilhões para as seguradoras.
E a previsão, segundo o relatório de Amy Webb, é que o cenário se agrave, com aumento de 40% a 50% nos prejuízos relacionados ao clima para as seguradoras. Na tentativa de reduzir esse impacto, o setor tem investido em modelos baseados em IA para prever perdas futuras e ajudar na precificação, considerando projeções climáticas de longo prazo.
Outro ponto de atenção, de acordo com a futurista, é o novo cenário de golpes e fraudes em seguros, que se tornaram mais sofisticados com a digitalização, e exigem respostas tecnológicas à altura. Segundo Amy Webb, empresas já têm usado a IA generativa para detectar padrões suspeitos e prevenir ataques fraudulentos em tempo real.

SABER COOPERAR
14/04/2025
Cooperativas promovem a educação e transformam comunidades
A educação é capaz de transformar realidades. Podem ser conquistas pessoais, com a abertura de novas oportunidades por meio do ensino, ou avanços estruturais, que geram ganhos para toda a sociedade. Com a educação entre seus princípios, o cooperativismo tem sido um vetor dessa transformação, promovendo o acesso à formação inclusiva e de qualidade e contribuindo diretamente para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4 - Educação de Qualidade, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das metas globais para 2030.
O compromisso com a educação está presente em todas as áreas de atuação do coop, em iniciativas que impactam a vida das pessoas e impulsionam o desenvolvimento das comunidades. Além da responsabilidade transversal, o cooperativismo também tem um segmento dedicado exclusivamente a esse setor: as cooperativas educacionais.
Formadas por professores (ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços) ou por pais e responsáveis de estudantes em busca de ensino de qualidade (ramo Consumo), 213 coops educacionais estão construindo uma educação mais justa e inovadora no Brasil, contribuindo para a formação de uma sociedade consciente, colaborativa e bem-sucedida.
O segmento reúne mais de 190 mil cooperados e gera cerca de 5 mil empregos diretos, segundo dados do AnuárioCoop 2024. A maioria das escolas cooperativistas brasileiras são pequenas e médias, com até 500 matrículas. Em 2023, o segmento educacional cooperativista gerou R$ 802 milhões em receitas.
Um dos grandes diferenciais das cooperativas educacionais é formar novos cooperativistas com base em uma abordagem colaborativa que abrange, além de disciplinas tradicionais, competências como empatia e cooperação, incentivando valores como união, solidariedade e sustentabilidade.
Um exemplo dessa metodologia na prática é o programa Cooperjovem, implementado em escolas públicas, privadas e cooperativas educacionais do país. Desenvolvido pelo Sistema OCB há mais de 20 anos e alinhado às competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a iniciativa promove a cultura da cooperação em quatro eixos temáticos: educação cooperativista, empreendedora, financeira e ambiental. Os conteúdos são implementados de forma interdisciplinar e lúdica, contribuindo para que crianças e jovens tornem-se agentes de desenvolvimento sustentável em suas comunidades.
Em 2019, uma pesquisa realizada com professores, pais e alunos participantes do programa confirmou o impacto positivo do Cooperjovem no nível de conhecimentos, habilidades e atitudes cooperativas.
Cooperação e resultados
Em Lajinha, município de Minas Gerais com pouco mais de 20 mil habitantes, o estudante é o protagonista do Centro Educacional Coopcel, escola cooperativista fundada há 27 anos. Com o lema “Educação com amor”, a coop formada por 43 profissionais atende atualmente a 244 estudantes, da educação infantil ao ensino médio.
A Coopcel preza pela essência cooperativista. De acordo com a diretora pedagógica da instituição, Carla Vieira, todo o trabalho dos professores é voltado para transmitir a educação e cultura cooperativistas, ensinando que cooperar é o melhor caminho.
“Fazemos educação com propósito. Além de sermos técnicos nas várias áreas do conhecimento, amamos o que fazemos. Ser professor em uma cooperativa de professores reflete o amor por ensinar, por querer contribuir para a formação integral dos nossos estudantes”, afirma a gestora.
Reconhecida no município pelo ensino de qualidade, a cooperativa também é referência pelo compromisso dos cooperados com a formação continuada dos professores e a busca por inovação e metodologias ativas para atrair o interesse dos estudantes.
“Os resultados desse empenho têm sido muito positivos. Hoje a Coopcel tem em sua grade curricular aulas de robótica e também uma equipe de estudantes no Torneio Brasil de Robótica. Participamos pela primeira vez em 2023 e no ano passado já ficamos em 15º lugar em nível nacional, além do 3º lugar em nível regional por dois anos consecutivos. Nossa escola também vem conquistando muitas aprovações em vestibulares e no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio]”, destaca.
A lista de resultados da Coopcel também inclui uma transformação fundamental para a comunidade de Lajinha: antes da cooperativa, o município não tinha escolas de ensino médio ou cursos técnicos profissionalizantes. Quando chegavam a essa etapa, os jovens tinham que se deslocar para cidades vizinhas, ou até deixavam de estudar, principalmente os que vivem na zona rural.
Hoje, eles permanecem com suas famílias e, após se formarem, muitos começam a trabalhar em outras cooperativas da região, conhecida pela produção de café.
Educação coop para o desenvolvimento
Em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, a cooperativa educacional Cooperconcórdia tem provado que a educação para cooperar não se restringe às salas de aula. Além do Colégio Concórdia – de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – a coop também é responsável pelo Programa de Desenvolvimento Profissional Cooperativo (Capacita) e pelo Aprendiz 10, duas iniciativas que têm impactado a comunidade e a economia da região.
O Capacita oferece qualificação profissional para equipes de cooperativas, empresas privadas e outras instituições, por meio de treinamentos, palestras, workshops, reciclagens, formações pedagógicas, treinamentos vivenciais e jogos cooperativos. Desde 2018, mais de 40 mil profissionais passaram por capacitação técnica com a Cooperconcórdia.
Já o Aprendiz 10 é um programa de ensino técnico-profissional para jovens que desejam entrar no mercado de trabalho. Em 17 anos de atuação na aprendizagem profissional, a iniciativa da coop beneficiou mais de 6 mil jovens, com 250 turmas no Rio Grande do Sul e 50 empresas atendidas. O projeto tem uma versão específica para formar jovens lideranças cooperativistas no setor agropecuário, o Aprendiz Cooperativo do Campo, que capacita os aprendizes para a gestão eficiente de propriedades rurais e para a sucessão nos negócios familiares.
Movimento CoopEducação
Um projeto inovador do Sicoob Sarom, cooperativa de crédito que atua há mais de 30 anos em Minas Gerais, demonstra na prática que o compromisso com a educação não é uma exclusividade das coops do segmento.
Com investimentos consolidados em programas educacionais nas últimas duas décadas, a cooperativa tem impactado comunidades promovendo o cooperativismo, o empreendedorismo e a inclusão financeira como ferramentas para a construção de um futuro mais próspero.
O movimento de valorização da educação pelo Sicoob Sarom começou na década de 1990, segundo o presidente da cooperativa, João Carlos Leite. Naquela época, muitas famílias do município de São Roque de Minas tinham que migrar para outras cidades em busca de um ensino de qualidade que garantisse um futuro promissor para seus filhos.
A resposta cooperativista para o problema foi a união de um grupo de pais para fundar a Cooperativa Educacional Sarom (CES), com o apoio da coop de crédito. A escola garantiu o acesso da comunidade a um modelo educacional inovador, baseado nos valores do cooperativismo, na educação financeira e no comportamento empreendedor.
“Além do currículo convencional, as coops educacionais promovem a cooperação, incentivando a autonomia, o pensamento crítico e a gestão sustentável. Diferente das escolas privadas tradicionais, as cooperativas educacionais reinvestem os recursos financeiros na infraestrutura, capacitação dos professores e melhoria da qualidade do ensino. A proximidade entre comunidade, alunos e educadores permite um ensino mais personalizado, com metodologias ativas e acompanhamento próximo do desenvolvimento estudantil”, destaca Leite.
O impacto positivo da CES inspirou o Sicoob Sarom a expandir suas iniciativas de promoção da educação para outras comunidades. Em 2013, a coop de crédito criou o Movimento CoopEducação, com a missão de levar a educação cooperativista, empreendedora e financeira a escolas públicas e privadas de suas regiões de atuação.
Em 12 anos, o Movimento CoopEducação já chegou a 17 municípios mineiros, em mais de 120 escolas parceiras, e impactou mais de 44 mil alunos. Em 2024, o programa foi reconhecido no Prêmio SomosCoop Melhores do Ano com o troféu prata da categoria Cultura Cooperativista.
Além de capacitar jovens para um futuro de mais cooperação, o projeto do Sicoob Sarom apoia escolas na implementação de metodologias inovadoras, fortalecendo a cultura cooperativista. Por meio de parcerias municipais e estaduais, a cooperativa também qualifica professores para que eles possam ensinar educação cooperativista, empreendedora e financeira em escolas da rede pública de ensino. Desde 2013, o programa ofereceu 1,1 mil horas de capacitação para mais de 2,2 mil professores que hoje aplicam os conteúdos em sala de aula.
“Acreditamos que parcerias com prefeituras, secretarias de educação e superintendências regionais de ensino são essenciais para viabilizar ações locais. Além disso, a cooperativa tem atuado ativamente nos municípios, apoiando reformas de escolas e creches, doação de uniformes e outras ações que transformam realidades e fortalecem as comunidades”, ressalta o gestor.

SABER COOPERAR
26/03/2025
Cooperativas promovem saúde e bem-estar e contribuem para o ODS 3
As cooperativas de saúde são uma alternativa para garantir atendimento de qualidade, humano e inclusivo para milhões de pessoas. Em todo o mundo, elas têm dado contribuições significativas para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3, que pretende assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para pessoas de todas as idades.
No Brasil, as cooperativas de saúde estão presentes em 90% do território e são responsáveis pelo atendimento de mais de 25 milhões de pessoas. Com mais de 60 anos de atuação no país, o segmento é formado por cooperativas médicas, odontológicas e de outros profissionais que exercem atividades de atenção à saúde humana, como fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas.
Também fazem parte deste ramo as cooperativas que se reúnem para constituir um plano de saúde, garantindo preços mais justos pelo serviço. Segundo dados do Anuário Coop 2024, o setor reúne 254 mil cooperados e gera 139 mil empregos diretos.
“As cooperativas de saúde são verdadeiros patrimônios do país e reconhecidas mundo afora. Elas conseguem aliar geração de trabalho e renda com valores cooperativistas e compromisso socioambiental na prestação de serviços de qualidade para a sociedade, com impacto para a qualidade de vida de milhões de pessoas”, afirma a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.
A tradição brasileira no segmento é tão forte que o país tem os maiores sistemas cooperativos de saúde do mundo, nas áreas odontológica e médica: a Uniodonto e a Unimed. Este último com 340 cooperativas em todo o país e mais de 29 mil hospitais, clínicas e serviços credenciados, possuindo 38% de participação no mercado nacional de planos de saúde. Além disso, um em cada quatro médicos do Brasil é cooperado da Unimed.
Além do atendimento convencional – com consultas, exames, tratamentos e cuidados especializados – as cooperativas são reconhecidas por iniciativas de saúde integral, impulsionando uma vida mais saudável entre seus pacientes e nas comunidades em que atuam, alinhadas ao ODS 3 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Assistência na melhor idade
Em Imperatriz (MA), a Unimed Maranhão do Sul é referência no atendimento à saúde há 41 anos. Além da qualidade dos serviços prestados, a coop também é reconhecida pelos moradores por ações comunitárias de promoção de saúde e bem-estar, especialmente para o público da terceira idade.
Com o aumento da população idosa no município, a cooperativa decidiu investir em iniciativas específicas para seus pacientes com mais de 60 anos. No Programa Idoso Bem Cuidado, eles recebem acompanhamento especializado, com foco na prevenção, reabilitação e promoção da qualidade de vida, além de consultas médicas e monitoramento multiprofissional, garantindo assistência preventiva e contínua.
Já no Espaço Viver Bem, o objetivo é promover a saúde integral. Além de medicina preventiva, a estrutura criada pela Unimed Maranhão do Sul oferece academia para atividade física, oficinas, grupos de atividades funcionais, e consultas com nutricionistas e psicólogos.
O cuidado não se restringe aos ambientes da cooperativa e também inclui suporte a asilos e instituições de acolhimento a idosos da cidade, segundo o assessor executivo da coop, Kaique Sampaio. Uma delas é o Lar do Idoso Renascer, para o qual foram doadas cadeiras de roda, banho e sofás a fim de melhorar a mobilidade e proporcionar mais conforto aos moradores.
Unimed do Maranhão“Também organizamos ações de saúde em pontos estratégicos da cidade e oferecemos vacinação, testes rápidos, aferição de pressão, teste de glicemia, informações educativas, atividades físicas direcionadas para a promoção da saúde da comunidade e do envelhecimento saudável”, explica Sampaio.
Além da atenção com os mais velhos, a cooperativa também tem programas voltados para crianças e jovens. O Espaço Crescer Bem, por exemplo, atende crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e oferece acolhimento e atividades para as mães atípicas.
Outra iniciativa foi a campanha de Natal do ano passado, em que a coop arrecadou brinquedos e kits natalinos para a Casa da Criança de Imperatriz. Durante a entrega, crianças e jovens participaram de atividades e brincadeiras com um professor de educação física e receberam atendimento médico com um clínico-geral cooperado da Unimed.
“Ao promovermos iniciativas como essas, estamos cumprindo nossa missão de cuidar da comunidade de forma inclusiva e acessível. Essas atividades impactam diretamente a vida das pessoas, melhorando o acesso à saúde e à qualidade de vida. Em um ambiente cooperativo, nossa missão vai além de atender pacientes, buscamos promover um legado de bem-estar e solidariedade que reverbere positivamente nas comunidades em que atuamos”, destaca Kaique Sampaio.
Integração e saúde
No interior de São Paulo, a Unimed Presidente Prudente também tem promovido ações comunitárias para cuidar da saúde da população do município e da região. Com o projeto Circuito Verde, a coop oferece atividades esportivas gratuitas para pessoas de todas as idades. Realizada em um parque público, além dos benefícios para a saúde, a iniciativa promove a interação e proporciona encontros e tempo de qualidade entre famílias, amigos e atletas.
Unimed de Presidente Prudente“A ideia do Circuito Verde Unimed surgiu da vontade da cooperativa de celebrar o mês da saúde, em abril, de forma inovadora e impactante. Nosso objetivo é mostrar que a Unimed, além de referência em cuidados médicos, também promove um estilo de vida saudável e ativo”, destaca o gerente de Relacionamentos da cooperativa, Luís Fante.
Com programação variada em todos os fins de semana de abril, o projeto tem atividades para crianças, idosos, fãs de corridas e de ciclismo. Além de incentivar a prática de exercício, o evento busca criar experiências significativas para a população, mostrando a importância do cuidado com a saúde em todas as idades, integrando lazer, entretenimento e bem-estar na rotina. Criado em 2024, o projeto Circuito Verde já recebeu reconhecimento no Prêmio Somos Coop Melhores do Ano, conquistando medalha de prata na categoria Comunicação.
Além do Circuito Verde, ao longo do ano, a coop investe em outras estratégias de saúde para a comunidade, como a Caminhada Unimed, em que os participantes combinam atividade física e solidariedade com a doação de alimentos na inscrição.
Em 2024, a cooperativa paulista também fez parte da Corrida 366, em parceria com o atleta Gabriel ‘Gigante’, do projeto Coração Gigante. Durante os 366 dias do ano, ele correu 10 quilômetros (km) por dia, com um quilo de alimento arrecadado a cada km. “No evento de encerramento, que reuniu cerca de mil pessoas, recebemos a comunidade e oferecemos atendimentos como aferição de pressão e glicemia”, lembra o gerente.
Olhar cooperativista
O compromisso com o bem-estar e a saúde não é exclusividade das cooperativas do segmento. Em Minas Gerais, desde 2019, uma coop de crédito tem ajudado a melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes que precisavam de óculos, mas não podiam pagar pelo atendimento médico.
A partir dessa necessidade de parte da população, o Sicoob Credifor criou o Projeto de Olho no Futuro e implementou nas cidades mineiras de Córrego Fundo, Guapé, Formiga e Piumhi. Em quase seis anos, mais 1,3 mil crianças e jovens de 5 e 17 anos já foram atendidos.
“A iniciativa surgiu ao perceber que muitas crianças enfrentavam dificuldades de aprendizado devido a problemas de visão não diagnosticados. Para combater esse desafio, o projeto oferece consultas oftalmológicas e distribui óculos gratuitamente para as crianças que necessitam, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e do desempenho escolar”, explica a coordenadora do do Sicoob Credifor, Meyre Priscila Almeida Silva.
Além do atendimento clínico, o Projeto De olho no futuro promove atividades educativas, como contação de histórias e palestras sobre cuidados com a saúde ocular e educação financeira nas escolas públicas dos municípios atendidos.
“Essas iniciativas demonstram que, quando bem estruturadas, as cooperativas podem ser agentes de mudança, fortalecendo vínculos comunitários, impulsionando o crescimento econômico e contribuindo para um futuro mais justo e equitativo para todos”, destaca a coordenadora da coop.
O projeto do Sicoob Credifor recebeu o segundo lugar na categoria Coop Cidadã do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2024.
Infográficos

Cultura cooperativista pelo mundo
As cooperativas foram declaradas Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, graças à sua contribuição essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Com presença em mais de 150 países, o modelo de negócio se destaca por oferecer soluções inovadoras para desafios sociais, promoção de empregos e cuidados com o meio ambiente. Descubra exemplos inspiradores de como o cooperativismo impacta positivamente o mundo.

O que é intercooperação
A intercooperação é um dos pilares essenciais do cooperativismo, promovendo o fortalecimento das cooperativas por meio de parcerias estratégicas. Ao trabalhar em conjunto, as cooperativas criam um ambiente mais competitivo, ampliando oportunidades de negócio, reduzindo custos e oferecendo mais valor aos seus membros. Essa união entre diferentes cooperativas, tanto em nível local quanto internacional, potencializa o movimento cooperativista e solidifica sua presença no mercado.

O que é cooperativismo?
Nem sempre é fácil explicar o que é o cooperativismo, mas estamos aqui para te ajudar a entender! Este infográfico foi criado para responder as principais perguntas sobre o movimento cooperativista de forma clara e simples. Com 7 perguntas e respostas, você vai aprender o que é o cooperativismo, seu propósito, como funciona e quem pode participar. Vamos juntos explorar o poder da cooperação e como ela impacta a vida de pessoas e comunidades. Clique nos tópicos abaixo e descubra mais!

A relação entre Cooperativas e Bioeconomia
Qual é a relação entre cooperativas e bioeconomia?
A onda verde chegou com força ao setor econômico. A chamada bioeconomia está em alta, mas você saber o que ela propõe, na prática?