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Cooperativas promovem inclusão econômica de mulheres com trabalho e oportunidades

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As cooperativas constroem um mundo melhor para muitas mulheres. Com um modelo de negócios justo e democrático, elas promovem a igualdade de gênero por meio da inclusão produtiva de mulheres, fomentando sua independência financeira, autonomia e desenvolvimento. 

Ao desempenhar esses papéis, as coops têm contribuído significativamente para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, meta traçada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” até 2030. 

“É fundamental lembrar que a igualdade de gênero não é só uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento e prosperidade. Quando as mulheres têm igualdade de oportunidades, toda a sociedade se beneficia”, destacou a presidente do Comitê de Igualdade de Gênero da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Xiomara Nuñez de Céspedes, em mensagem no Dia Internacional das Mulheres.

Segundo ela, quando as mulheres conquistam sua independência econômica, reinvestem os ganhos em suas famílias e comunidades, multiplicando o impacto das cooperativas para o progresso econômico e social. 

Em um informe global sobre como as coops contribuem para o ODS 5, o Comitê para a Promoção e Avanço das Cooperativas (Copac) também destaca que o cooperativismo tem apoiado mulheres em todo o mundo a romper barreiras que impedem seu empoderamento social e econômico. Além de criar oportunidades econômicas, as cooperativas garantem ambientes de trabalho seguros e dignos para as mulheres, e promovem a criação de redes de confiança por meio do apoio mútuo e ação coletiva. 

“Essas redes criam espaços para que as mulheres, especialmente as mais expostas à exclusão social ou econômica, possam se organizar e lutar por seus direitos. Através das experiências compartilhadas e da solidariedade, as cooperativas ajudam as mulheres a ampliar sua voz, tanto em suas comunidades quanto em âmbitos institucionais”, aponta o comitê. 

No cooperativismo brasileiro, 9 milhões de mulheres representam 41% dos cooperados. Elas são  maioria na força de trabalho das cooperativas, com 52% de representação entre os empregados do setor, e contribuem para o coop em todos os ramos. Entre as lideranças das cooperativas, as mulheres ocupam 23% dos cargos de alta gestão, percentual que vem crescendo desde 2020, segundo dados do Anuário Coop 2024

“O cooperativismo tem feito a diferença na vida de mulheres em todas as regiões do país, tanto nas cidades como nas regiões rurais. Organizadas em cooperativas, elas conquistam renda digna, autonomia financeira e poder de decisão. O cooperativismo também é uma janela de oportunidade para o equilíbrio entre trabalho e família, com redução da vulnerabilidade social e oportunidades de capacitação e crescimento profissional”, destaca a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta.

Flores paraibanas 

Na pequena Pilões (PB), a 140 quilômetros de João Pessoa, a Cooperativa dos Floricultores do Estado da Paraíba (Cofep) foi o primeiro empreendimento a cultivar flores em estufa do estado. Majoritariamente feminina, a coop tem 34 associados, sendo 28 mulheres e cinco homens.

Há mais de 20 anos, a Cofep comercializa crisântemos de corte produzidos em estufa. Planta milenar de origem asiática, o crisântemo simboliza força, longevidade e felicidade, além de ser um sinal de boa sorte em muitas culturas orientais.

Para a cooperativa de mulheres paraibanas, a flor tem garantido trabalho e renda e ampliado os horizontes do pequeno município de 7 mil habitantes. Além das espécies ornamentais, as cooperadas produzem variedades comestíveis, contribuindo para o reconhecimento de Pilões como “Cidade das Flores”. A produção é vendida na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. 

A presidente da Cofep, Maria Helena Lourenço, destaca o papel da cooperativa para a independência financeira de mulheres na região. “Como a cooperativa fica localizada na zona rural, muitas mulheres da comunidade trabalham lá mesmo na Cofep e não precisam se deslocar para a cidade para trabalhar, garantindo emprego e renda para a comunidade”. 

Além de contribuir para inclusão produtiva das mulheres de Pilões, a cooperativa também é uma aliada das cooperadas contra a violência doméstica. “A Cofep está sempre unida e incentivando as mulheres a denunciar a violência, ajudando as que mais precisam. A cooperativa trouxe esperança para a comunidade, principalmente para as mulheres que não tinham renda e só dependiam dos maridos”, conta a gestora.

Segundo ela, a atuação da cooperativa foi fundamental para reduzir os registros de violência doméstica entre as cooperadas, tanto pela independência financeira quanto pela informação sobre seus direitos. “Sempre nos reunimos para discutir esse tema na Cofep e defendemos que a mulher deve denunciar e nunca se calar diante de uma violência”, ressaltou Maria Helena.

A cooperativa já recebeu prêmios como o Mulher Empreendedora (Sebrae), Voz Mulher (Banco Mundial), Inovação Tecnológica (Finep), além de outros reconhecimentos regionais, nacionais e internacionais.

Em um novo passo para ampliar os negócios, a Cofep abriu suas portas para receber turistas interessados na produção de flores da região do Brejo Paraibano. A visita faz parte do projeto Rota das Flores, que tem atraído viajantes da Paraíba e de outras partes do país, segundo Maria Helena. 

“Além da experiência de conhecer nossa produção nas estufas, também oferecemos degustação de flores comestíveis. As pessoas têm gostado muito, o que é bom para a cooperativa e para as famílias produtoras”, comemora a presidente da Cofep. 

Bordando oportunidades

No Cerrado brasileiro, em Goiás, mulheres de todas as idades estão tecendo um novo caminho de superação e autonomia, por meio do bordado, na Bordana Cooperativa. São 14 anos de união, partilha e amizade feminina no ambiente de trabalho. Dos 30 cooperados, 28 são mulheres. 

A coop foi reconhecida como uma das 100 unidades artesanais mais competitivas do Brasil pelo Sebrae, em 2018 e 2022, e produz peças bordadas à mão inspiradas no bioma Cerrado, como almofadas, bolsas, jogos americanos, guardanapos e quadros decorativos. 

A Bordana tem origem na vontade de transformar o bordado em uma ferramenta de inclusão social e econômica, especialmente para mulheres que muitas vezes enfrentam dificuldades no mercado de trabalho tradicional. “São mães, avós e mulheres com diferentes trajetórias, que encontram na cooperativa um espaço de socialização, autonomia financeira, criatividade e sororidade. A cooperativa oferece um ambiente acolhedor e flexível, permitindo que as cooperadas conciliem o trabalho com suas responsabilidades familiares”, explica a fundadora e presidente da coop, Celma Grace.

A Bordana tem um significado ainda mais especial para Celma, pois foi criada em homenagem à sua filha caçula, Ana, que faleceu aos 10 anos e sonhava em ser estilista. Contando com um grupo diverso, com associadas que vão da faixa etária de 22 a 84 anos de idade, a coop tem sido mais do que uma fonte de renda para as associadas. Ela representa um lugar de acolhimento.

“É um espaço de cura, onde as pessoas se apoiam mutuamente, compartilham experiências e constroem laços de amizade. A cooperativa promove rodas de conversas semanais, encontros, oficinas e eventos que fortalecem o senso de comunidade e o bem-estar das cooperadas. As mulheres compartilham experiências, dificuldades e conquistas, criando uma rede de apoio que vai além do bordado. Aqui, o diálogo e a escuta ativa fazem parte da rotina e muitas cooperadas encontram na Bordana um refúgio emocional e uma nova motivação para seguir em frente”, lista a gestora. 

A coop conquistou uma posição competitiva no mercado de artesanato ao longo dos anos, avançando em características como inovação, criatividade e compromisso com a sustentabilidade. A Bordana também assumiu o compromisso de que a arte do bordado seja acessível a mais mulheres, e criou um núcleo de formação que capacita novas bordadeiras.

Tanta dedicação tem gerado frutos para as associadas, com prêmios, participação em eventos nacionais e, principalmente, retorno financeiro justo e proporcional ao trabalho de cada uma, garantindo autonomia e dignidade. “O modelo cooperativista permite a distribuição dos resultados de forma equilibrada, promovendo a inclusão social e econômica para muitas mulheres que antes não tinham essa oportunidade”, destaca Celma Grace. 

Além da inclusão econômica, a Bordana também garante representatividade às bordadeiras goianas em eventos e capacitações sobre temas como direitos das mulheres, liderança feminina e empreendedorismo social. A coop é engajada ativamente em movimentos que promovem a igualdade de gênero, o empoderamento feminino e o desenvolvimento sustentável e participa dos Comitês Elas pelo Coop e de Economia Solidária do Sistema OCB/Goiás, do Centro Popular da Mulher/GO e do Fórum de Participação Social do Governo Federal, fortalecendo sua atuação em defesa dos direitos das mulheres.

Cada peça bordada representa uma história de transformação e empoderamento feminino. A Bordana prova que cooperativismo, arte e impacto social podem caminhar juntos para mudar vidas”, ressalta a presidente.

Para a ampliar a participação de mulheres no cooperativismo, especialmente em cargos de liderança, o Sistema OCB criou, em 2020, o Comitê Nacional de Mulheres Elas pelo Coop, uma rede de intercooperação em que representantes de todo o país buscam a construção coletiva de projetos e propostas que contribuam para um coop mais diverso e democrático. Além do grupo nacional, também há comitês Elas pelo Coop estaduais e o Sistema OCB estimula a criação dos colegiados nas cooperativas. 

Para apoiar as cooperativas a colocar em prática as iniciativas de inclusão feminina, o Sistema OCB disponibiliza o Manual de Implementação de Comitês de Mulheres nas Cooperativas, com o passo a passo para estruturar a criação dos grupos em cada coop, do planejamento à formação continuada das participantes.

Além disso, para incentivar as coops brasileiras a incorporar políticas de inclusão e valorização das mulheres em seus planejamentos estratégicos, o Sistema OCB disponibiliza o Guia de Implantação de Estratégias em Inclusão, Diversidade e Equidade

 

Cooperativas de seguros chegam a setor estratégico com inclusão e transparência

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A criação do ramo Seguros abre para as cooperativas brasileiras um mercado promissor, que movimentou R$ 435 bilhões em receitas em 2024, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A porta de entrada do cooperativismo nesse segmento foi a Lei Complementar nº 213/2025, uma conquista histórica que teve a participação direta do Sistema OCB.

Sancionada em janeiro, a lei garante que as cooperativas operem em todos os segmentos de seguros privados – exceto capitalização aberta e repartição de capitais de cobertura – ampliando o acesso ao serviço para milhões de brasileiros que ainda não o possuem. Até agora, as coops podiam atuar apenas nos seguros agrícolas, de saúde e de acidentes de trabalho.

Desde 2012, quando a ampliação da participação das cooperativas no mercado de seguros entrou na pauta do Congresso Nacional, a área de Relações Institucionais do Sistema OCB atuou junto à Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), teve reuniões estratégicas com a Susep e o Ministério da Fazenda, além de outras frentes de diálogo, para garantir uma legislação favorável ao coop. O resultado é uma regulamentação em conformidade com as diretrizes do Sistema Nacional de Seguros Privados, mas sem perder de vista a essência do modelo cooperativista.

“Esse é um momento histórico para o cooperativismo brasileiro. A Lei Complementar 213/2025 coloca o Brasil em novo patamar legal e regulatório no setor de seguros, em conformidade com as melhores experiências internacionais. O cooperativismo fortalecerá sua presença nas comunidades, ampliará seu portfólio de produtos e serviços, reterá mais recursos e riquezas dentro do sistema, ampliará as experiências intercooperativas e reforçará a sua imagem junto à sociedade brasileira”, destaca o coordenador de Ramos do Sistema OCB, Hugo Andrade.

A lei inaugura uma nova fase para o cooperativismo e para milhões de brasileiros que terão acesso a seguros mais acessíveis e com a marca cooperativista da inclusão, participação democrática e efetiva dos cooperados.

Segundo pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) e Instituto Datafolha realizada em setembro de 2024, 54% dos brasileiros têm a intenção de contratar um seguro e/ou previdência privada num futuro próximo, o que mostra o tamanho do mercado potencial para as cooperativas.

“As cooperativas de seguros possuem características únicas que beneficiarão diretamente os usuários. Os segurados podem esperar serviços justos e transparentes, produtos personalizados, proximidade, diversos canais de distribuição, participação na gestão e na distribuição dos resultados e apoio irrestrito a eles nos momentos mais difíceis, como doenças e perdas patrimoniais”, afirma Andrade.

Outro dado relevante, divulgado pela Susep no 11º Relatório de Análise e Acompanhamento dos Mercados Supervisionados, é a alta concentração do setor, com 34% do mercado operado por cinco grandes seguradoras.

Uma realidade que a chegada das cooperativas de seguros pode ajudar a mudar, com a ampliação da concorrência, democratização dos serviços e o desenvolvimento de todo o setor, alinhando o Brasil a uma realidade consolidada em diversos países.

Coops de seguros no mercado global

Em diferentes partes do mundo, o modelo cooperativista tem se mostrado uma alternativa eficaz para ampliar o acesso a seguros, impulsionando a inclusão financeira e gerando impactos sociais positivos.

De acordo com o relatório The Global Mutual Market Share 2024, publicado pela International Cooperative and Mutual Insurance Federation (ICMIF), o setor de seguros cooperativos e mutualistas representa 26,3% do mercado global do setor. As coops de seguros atendem a 889 milhões de cooperados segurados, geram 1,2 milhão de empregos e USD 1,41 trilhão em receitas anuais, segundo dados de 2022.

Em 14 países, a participação das coops no mercado de seguros ultrapassa um terço. Nos Estados Unidos e na Alemanha, o percentual é de cerca de 40%; e na França, nos Países Baixos e na Finlândia as cooperativas são maioria no segmento, com 54,8%, 59% e 61% de participação, respectivamente.

O setor cooperativo de seguros tem apresentado crescimento nos últimos anos e a tendência é seguir em expansão. Na América Latina, segundo o relatório do ICMIF, as seguradoras cooperativas e mútuas da região atingiram um recorde de USD 20 bilhões em receitas em 2022, com 32 milhões de segurados e 47 mil empregos diretos. Com o novo ramo Seguros, o coop brasileiro ganhará destaque nesse mapa.

O exemplo da Seguros Unimed mostra o futuro de bons resultados que está por vir. Criada em 1989, a cooperativa tem 6,5 milhões de segurados nos segmentos de saúde, odontologia, vida, previdência e ramos elementares (como seguros patrimoniais e de responsabilidade civil médica). Com presença em todo o país, a seguradora S.A. do Sistema Unimed se destaca por preços competitivos, atenção às demandas locais e impacto social nas comunidades onde atua.

Próximos passos 

Após a sanção da lei e oficialização do ramo Seguros, a etapa agora é a edição das normas complementares pela Susep e pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). Esta fase incluirá a definição de regras específicas para a autorização e funcionamento das cooperativas de seguros, critérios para a constituição das sociedades cooperativas de seguros, diretrizes para a formação de reservas técnicas, capital mínimo e solvência, além de normas contábeis e de prestação de informações.

“Criamos um grupo de trabalho e estamos acompanhando tecnicamente a Susep na construção normativa para buscar assegurar que as regras respeitem a identidade jurídica, operacional e de governança do cooperativismo. Também temos trabalhado na articulação para criação de modelos cooperativos viáveis, mobilizando sistemas cooperativos diversos e buscando fortalecer a intercooperação”, explica Hugo Andrade.

A expectativa do Sistema OCB é que a regulamentação das cooperativas seguradoras seja realizada até o final de 2025, e as primeiras coops do ramo autorizadas a operar no primeiro semestre de 2026. Até lá, a instituição trabalha em conjunto com as Organizações Estaduais na estruturação de negócios e antecipação de requisitos técnicos, como modelos de governança e estrutura de capital. 

Futuro e desafios do setor

Além do enorme potencial financeiro, as cooperativas brasileiras de seguros entrarão no mercado em meio a desafios que devem promover profundas transformações no segmento nos próximos anos. Em seu relatório Tech Trends 2025, um guia sobre tendências tecnológicas, a futurista Amy Webb destaca as mudanças que a Inteligência Artificial (IA) e o aquecimento global irão provocar nos negócios das seguradoras.

Ao mesmo tempo que a IA tem ajudado o setor a agilizar processos de análise de riscos, detecção de fraude e gestão de sinistros, o uso dessa ferramenta, segundo a futurista, exigirá atenção redobrada quanto à transparência, ética e responsabilidade sobre os resultados gerados por algoritmos.

Em relação às mudanças climáticas, o setor de seguros já enfrenta uma crise devido a eventos climáticos extremos que resultaram em US$ 320 bilhões em perdas globais em 2024. A estimativa é que apenas os incêndios florestais que atingiram Los Angeles, nos Estados Unidos, em janeiro deste ano, geraram perdas de US$ 250 bilhões para as seguradoras.

E a previsão, segundo o relatório de Amy Webb, é que o cenário se agrave, com aumento de 40% a 50% nos prejuízos relacionados ao clima para as seguradoras. Na tentativa de reduzir esse impacto, o setor tem investido em modelos baseados em IA para prever perdas futuras e ajudar na precificação, considerando projeções climáticas de longo prazo.

Outro ponto de atenção, de acordo com a futurista, é o novo cenário de golpes e fraudes em seguros, que se tornaram mais sofisticados com a digitalização, e exigem respostas tecnológicas à altura. Segundo Amy Webb, empresas já têm usado a IA generativa para detectar padrões suspeitos e prevenir ataques fraudulentos em tempo real.

Educação

Cooperativas promovem a educação e transformam comunidades

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A educação é capaz de transformar realidades. Podem ser conquistas pessoais, com a abertura de novas oportunidades por meio do ensino, ou avanços estruturais, que geram ganhos para toda a sociedade. Com a educação entre seus princípios, o cooperativismo tem sido um vetor dessa transformação, promovendo o acesso à formação inclusiva e de qualidade e contribuindo diretamente para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4 - Educação de Qualidade, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das metas globais para 2030. 

O compromisso com a educação está presente em todas as áreas de atuação do coop, em iniciativas que impactam a vida das pessoas e impulsionam o desenvolvimento das comunidades. Além da responsabilidade transversal, o cooperativismo também tem um segmento dedicado exclusivamente a esse setor: as cooperativas educacionais. 

Formadas por professores (ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços) ou por pais e responsáveis de estudantes em busca de ensino de qualidade (ramo Consumo), 213 coops educacionais estão construindo uma educação mais justa e inovadora no Brasil, contribuindo para a formação de uma sociedade consciente, colaborativa e bem-sucedida. 

O segmento reúne mais de 190 mil cooperados e gera cerca de 5 mil empregos diretos, segundo dados do AnuárioCoop 2024. A maioria das escolas cooperativistas brasileiras são pequenas e médias, com até 500 matrículas. Em 2023, o segmento educacional cooperativista gerou R$ 802 milhões em receitas. 

Um dos grandes diferenciais das cooperativas educacionais é formar novos cooperativistas com base em uma abordagem colaborativa que abrange, além de disciplinas tradicionais, competências como empatia e cooperação, incentivando valores como união, solidariedade e sustentabilidade.

Um exemplo dessa metodologia na prática é o programa Cooperjovem, implementado em escolas públicas, privadas e cooperativas educacionais do país. Desenvolvido pelo Sistema OCB há mais de 20 anos e alinhado às competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a iniciativa promove a cultura da cooperação em quatro eixos temáticos: educação cooperativista, empreendedora, financeira e ambiental. Os conteúdos são implementados de forma interdisciplinar e lúdica, contribuindo para que crianças e jovens tornem-se agentes de desenvolvimento sustentável em suas comunidades.

Em 2019, uma pesquisa realizada com professores, pais e alunos participantes do programa confirmou o impacto positivo do Cooperjovem no nível de conhecimentos, habilidades e atitudes cooperativas. 

Cooperação e resultados 

Em Lajinha, município de Minas Gerais com pouco mais de 20 mil habitantes, o estudante é o protagonista do Centro Educacional Coopcel, escola cooperativista fundada há 27 anos. Com o lema “Educação com amor”, a coop formada por 43 profissionais atende atualmente a 244 estudantes, da educação infantil ao ensino médio. 

A Coopcel preza pela essência cooperativista. De acordo com a diretora pedagógica da instituição, Carla Vieira, todo o trabalho dos professores é voltado para transmitir a educação e cultura cooperativistas, ensinando que cooperar é o melhor caminho. 

“Fazemos educação com propósito. Além de sermos técnicos nas várias áreas do conhecimento, amamos o que fazemos. Ser professor em uma cooperativa de professores reflete o amor por ensinar, por querer contribuir para a formação integral dos nossos estudantes”, afirma a gestora. 

Reconhecida no município pelo ensino de qualidade, a cooperativa também é referência pelo compromisso dos cooperados com a formação continuada dos professores e a busca por inovação e metodologias ativas para atrair o interesse dos estudantes. 

“Os resultados desse empenho têm sido muito positivos. Hoje a Coopcel tem em sua grade curricular aulas de robótica e também uma equipe de estudantes no Torneio Brasil de Robótica. Participamos pela primeira vez em 2023 e no ano passado já ficamos em 15º lugar em nível nacional, além do 3º lugar em nível regional por dois anos consecutivos. Nossa escola também vem conquistando muitas aprovações em vestibulares e no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio]”, destaca. 

A lista de resultados da Coopcel também inclui uma transformação fundamental para a comunidade de Lajinha: antes da cooperativa, o município não tinha escolas de ensino médio ou cursos técnicos profissionalizantes. Quando chegavam a essa etapa, os jovens tinham que se deslocar para cidades vizinhas, ou até deixavam de estudar, principalmente os que vivem na zona rural. 

 

Hoje, eles permanecem com suas famílias e, após se formarem, muitos começam a trabalhar em outras cooperativas da região, conhecida pela produção de café. 

Educação coop para o desenvolvimento

Em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, a cooperativa educacional Cooperconcórdia tem provado que a educação para cooperar não se restringe às salas de aula. Além do Colégio Concórdia – de  educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – a coop também é responsável pelo Programa de Desenvolvimento Profissional Cooperativo (Capacita) e pelo Aprendiz 10, duas iniciativas que têm impactado a comunidade e a economia da região. 

O Capacita oferece qualificação profissional para equipes de cooperativas, empresas privadas e outras instituições, por meio de treinamentos, palestras, workshops, reciclagens, formações pedagógicas, treinamentos vivenciais e jogos cooperativos. Desde 2018, mais de 40 mil profissionais passaram por capacitação técnica com a Cooperconcórdia. 

Já o Aprendiz 10 é um programa de ensino técnico-profissional para jovens que desejam entrar no mercado de trabalho. Em 17 anos de atuação na aprendizagem profissional, a iniciativa da coop beneficiou mais de 6 mil jovens, com 250 turmas no Rio Grande do Sul e 50 empresas atendidas. O projeto tem uma versão específica para formar jovens lideranças cooperativistas no setor agropecuário, o Aprendiz Cooperativo do Campo, que capacita os aprendizes para a gestão eficiente de propriedades rurais e para a sucessão nos negócios familiares.  

Movimento CoopEducação

Um projeto inovador do Sicoob Sarom, cooperativa de crédito que atua há mais de 30 anos em Minas Gerais, demonstra na prática que o compromisso com a educação não é uma exclusividade das coops do segmento. 

Com investimentos consolidados em programas educacionais nas últimas duas décadas, a cooperativa tem impactado comunidades promovendo o cooperativismo, o empreendedorismo e a inclusão financeira como ferramentas para a construção de um futuro mais próspero. 

O movimento de valorização da educação pelo Sicoob Sarom começou na década de 1990, segundo o presidente da cooperativa, João Carlos Leite. Naquela época, muitas famílias do município de São Roque de Minas tinham que migrar para outras cidades em busca de um ensino de qualidade que garantisse um futuro promissor para seus filhos. 

A resposta cooperativista para o problema foi a união de um grupo de pais para fundar a Cooperativa Educacional Sarom (CES), com o apoio da coop de crédito. A escola garantiu o acesso da comunidade a um modelo educacional inovador, baseado nos valores do cooperativismo, na educação financeira e no comportamento empreendedor. 

“Além do currículo convencional, as coops educacionais promovem a cooperação, incentivando a autonomia, o pensamento crítico e a gestão sustentável. Diferente das escolas privadas tradicionais, as cooperativas educacionais reinvestem os recursos financeiros na infraestrutura, capacitação dos professores e melhoria da qualidade do ensino. A proximidade entre comunidade, alunos e educadores permite um ensino mais personalizado, com metodologias ativas e acompanhamento próximo do desenvolvimento estudantil”, destaca Leite.

O impacto positivo da CES inspirou o Sicoob Sarom a expandir suas iniciativas de promoção da educação para outras comunidades. Em 2013, a coop de crédito criou o Movimento CoopEducação, com a missão de levar a educação cooperativista, empreendedora e financeira a escolas públicas e privadas de suas regiões de atuação. 

Em 12 anos, o Movimento CoopEducação já chegou a 17 municípios mineiros, em mais de 120 escolas parceiras, e impactou mais de 44 mil alunos. Em 2024, o programa foi reconhecido no Prêmio SomosCoop Melhores do Ano com o troféu prata da categoria Cultura Cooperativista. 

Além de capacitar jovens para um futuro de mais cooperação, o projeto do Sicoob Sarom apoia escolas na implementação de metodologias inovadoras, fortalecendo a cultura cooperativista. Por meio de parcerias municipais e estaduais, a cooperativa também qualifica professores para que eles possam ensinar educação cooperativista, empreendedora e financeira em escolas da rede pública de ensino. Desde 2013, o programa ofereceu 1,1 mil horas de capacitação para mais de 2,2 mil professores que hoje aplicam os conteúdos em sala de aula. 

“Acreditamos que parcerias com prefeituras, secretarias de educação e superintendências regionais de ensino são essenciais para viabilizar ações locais. Além disso, a cooperativa tem atuado ativamente nos municípios, apoiando reformas de escolas e creches, doação de uniformes e outras ações que transformam realidades e fortalecem as comunidades”, ressalta o gestor. 

Unimed maranhão
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Cooperativas promovem saúde e bem-estar e contribuem para o ODS 3

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As cooperativas de saúde são uma alternativa para garantir atendimento de qualidade, humano e inclusivo para milhões de pessoas. Em todo o mundo, elas têm dado contribuições significativas para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3, que pretende assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para pessoas de todas as idades. 

No Brasil, as cooperativas de saúde estão presentes em 90% do território e são responsáveis pelo atendimento de mais de 25 milhões de pessoas. Com mais de 60 anos de atuação no país, o segmento é formado por cooperativas médicas, odontológicas e de outros profissionais que exercem atividades de atenção à saúde humana, como fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas. 

Também fazem parte deste ramo as cooperativas que se reúnem para constituir um plano de saúde, garantindo preços mais justos pelo serviço. Segundo dados do Anuário Coop 2024, o setor reúne 254 mil cooperados e gera 139 mil empregos diretos. 

“As cooperativas de saúde são verdadeiros patrimônios do país e reconhecidas mundo afora. Elas conseguem aliar geração de trabalho e renda com valores cooperativistas e compromisso socioambiental na prestação de serviços de qualidade para a sociedade, com impacto para a qualidade de vida de milhões de pessoas”, afirma a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta. 

A tradição brasileira no segmento é tão forte que o país tem os maiores sistemas cooperativos de saúde do mundo, nas áreas odontológica e médica: a Uniodonto e a Unimed. Este último com 340 cooperativas em todo o país e mais de 29 mil hospitais, clínicas e serviços credenciados, possuindo 38% de participação no mercado nacional de planos de saúde. Além disso, um em cada quatro médicos do Brasil é cooperado da Unimed. 

Além do atendimento convencional – com consultas, exames, tratamentos e cuidados especializados – as cooperativas são reconhecidas por iniciativas de saúde integral, impulsionando uma vida mais saudável entre seus pacientes e nas comunidades em que atuam, alinhadas ao ODS 3 da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Assistência na melhor idade

Em Imperatriz (MA), a Unimed Maranhão do Sul é referência no atendimento à saúde há 41 anos. Além da qualidade dos serviços prestados, a coop também é reconhecida pelos moradores por ações comunitárias de promoção de saúde e bem-estar, especialmente para o público da terceira idade.

Com o aumento da população idosa no município, a cooperativa decidiu investir em iniciativas específicas para seus pacientes com mais de 60 anos. No Programa Idoso Bem Cuidado, eles recebem acompanhamento especializado, com foco na prevenção, reabilitação e promoção da qualidade de vida, além de consultas médicas e monitoramento multiprofissional, garantindo assistência preventiva e contínua.

Já no Espaço Viver Bem, o objetivo é promover a saúde integral. Além de medicina preventiva, a estrutura criada pela Unimed Maranhão do Sul oferece academia para atividade física, oficinas, grupos de atividades funcionais, e consultas com nutricionistas e psicólogos. 

O cuidado não se restringe aos ambientes da cooperativa e também inclui suporte a asilos e instituições de acolhimento a idosos da cidade, segundo o assessor executivo da coop, Kaique Sampaio. Uma delas é o Lar do Idoso Renascer, para o qual foram doadas cadeiras de roda, banho e sofás a fim de melhorar a mobilidade e proporcionar mais conforto aos moradores. 

Unimed MaranhãoUnimed do Maranhão“Também organizamos ações de saúde em pontos estratégicos da cidade e oferecemos vacinação, testes rápidos, aferição de pressão, teste de glicemia, informações educativas, atividades físicas direcionadas para a promoção da saúde da comunidade e do envelhecimento saudável”, explica Sampaio. 

Além da atenção com os mais velhos, a cooperativa também tem programas voltados para crianças e jovens. O Espaço Crescer Bem, por exemplo, atende crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e oferece acolhimento e atividades para as mães atípicas. 

Outra iniciativa foi a campanha de Natal do ano passado, em que a coop arrecadou brinquedos e kits natalinos para a Casa da Criança de Imperatriz. Durante a entrega, crianças e jovens participaram de atividades e brincadeiras com um professor de educação física e receberam atendimento médico com um clínico-geral cooperado da Unimed. 

“Ao promovermos iniciativas como essas, estamos cumprindo nossa missão de cuidar da comunidade de forma inclusiva e acessível. Essas atividades impactam diretamente a vida das pessoas, melhorando o acesso à saúde e à qualidade de vida. Em um ambiente cooperativo, nossa missão vai além de atender pacientes, buscamos promover um legado de bem-estar e solidariedade que reverbere positivamente nas comunidades em que atuamos”, destaca  Kaique Sampaio.

 

Integração e saúde 

No interior de São Paulo, a Unimed Presidente Prudente também tem promovido ações comunitárias para cuidar da saúde da população do município e da região. Com o projeto Circuito Verde, a coop oferece atividades esportivas gratuitas para pessoas de todas as idades. Realizada em um parque público, além dos benefícios para a saúde, a iniciativa promove a interação e proporciona encontros e tempo de qualidade entre famílias, amigos e atletas. 

Unimed de Presidente PrudenteUnimed de Presidente Prudente“A ideia do Circuito Verde Unimed surgiu da vontade da cooperativa de celebrar o mês da saúde, em abril, de forma inovadora e impactante. Nosso objetivo é mostrar que a Unimed, além de referência em cuidados médicos, também promove um estilo de vida saudável e ativo”, destaca o gerente de Relacionamentos da cooperativa, Luís Fante. 

Com programação variada em todos os fins de semana de abril, o projeto tem atividades para crianças, idosos, fãs de corridas e de ciclismo. Além de incentivar a prática de exercício, o evento busca criar experiências significativas para a população, mostrando a importância do cuidado com a saúde em todas as idades, integrando lazer, entretenimento e bem-estar na rotina. Criado em 2024, o projeto Circuito Verde já recebeu reconhecimento no Prêmio Somos Coop Melhores do Ano, conquistando medalha de prata na categoria Comunicação.

Além do Circuito Verde, ao longo do ano, a coop investe em outras estratégias de saúde para a comunidade, como a Caminhada Unimed, em que os participantes combinam atividade física e solidariedade com a doação de alimentos na inscrição. 

Em 2024, a cooperativa paulista também fez parte da Corrida 366, em parceria com o atleta Gabriel ‘Gigante’, do projeto Coração Gigante. Durante os 366 dias do ano, ele correu 10 quilômetros (km) por dia, com um quilo de alimento arrecadado a cada km. “No evento de encerramento, que reuniu cerca de mil pessoas, recebemos a comunidade e oferecemos atendimentos como aferição de pressão e glicemia”, lembra o gerente. 

Olhar cooperativista 

O compromisso com o bem-estar e a saúde não é exclusividade das cooperativas do segmento. Em Minas Gerais, desde 2019, uma coop de crédito tem ajudado a melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes que precisavam de óculos, mas não podiam pagar pelo atendimento médico. 

A partir dessa necessidade de parte da população, o Sicoob Credifor criou o Projeto de Olho no Futuro e implementou nas cidades mineiras de Córrego Fundo, Guapé, Formiga e Piumhi. Em quase seis anos, mais 1,3 mil crianças e jovens de 5 e 17 anos já foram atendidos. 

“A iniciativa surgiu ao perceber que muitas crianças enfrentavam dificuldades de aprendizado devido a problemas de visão não diagnosticados. Para combater esse desafio, o projeto oferece consultas oftalmológicas e distribui óculos gratuitamente para as crianças que necessitam, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e do desempenho escolar”, explica a coordenadora do do Sicoob Credifor, Meyre Priscila Almeida Silva. 

Além do atendimento clínico, o Projeto De olho no futuro promove atividades educativas, como contação de histórias e palestras sobre cuidados com a saúde ocular e educação financeira nas escolas públicas dos municípios atendidos. 

“Essas iniciativas demonstram que, quando bem estruturadas, as cooperativas podem ser agentes de mudança, fortalecendo vínculos comunitários, impulsionando o crescimento econômico e contribuindo para um futuro mais justo e equitativo para todos”, destaca a coordenadora da coop.  

O projeto do Sicoob Credifor recebeu o segundo lugar na categoria Coop Cidadã do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2024.

Comite Elas pelo Coop
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Elas no coop: com participação e liderança, mulheres fortalecem o cooperativismo

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Desde a sua criação, há quase dois séculos, o cooperativismo garantiu espaço para que as mulheres pudessem buscar uma vida melhor por meio do trabalho e da participação em um sistema econômico justo. Atualmente, o coop reúne milhões de cooperadas em todo o mundo, promove a igualdade de gênero, valoriza e impulsiona a liderança feminina. 

No Brasil, as mulheres representam 41% dos cooperados, segundo dados do Anuário Coop 2024. Entre as 9,6 milhões de brasileiras que encontraram no coop oportunidades de trabalhar, empreender e garantir uma vida melhor para suas famílias, a maioria faz parte de cooperativas de consumo, crédito, saúde e trabalho, produção de bens e serviços.

Além da participação significativa entre os cooperados, as mulheres são maioria na força de trabalho das cooperativas, com 52% do total de empregados do setor em todo o país, um aumento de 15% em relação a 2021. A presença delas é mais representativa nas cooperativas de  saúde (75%), crédito (60%), consumo (57%), e trabalho, produção de bens e serviços (55%)

Entre as lideranças, as mulheres ocupam 23% dos cargos de alta gestão no cooperativismo brasileiro. Desde 2020, esse número tem apresentado uma evolução contínua, mas ainda reflete um desafio de todos os setores da economia de garantir maior representatividade feminina nos espaços de poder. 

Todos esses indicadores representam histórias de profissionais, empreendedoras, chefes de família, estudantes, mães, filhas e esposas que fazem do cooperativismo um modelo de negócios diverso e que constroi um mundo melhor para as mulheres.   

A presidente do Comitê de Igualdade de Gênero da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Xiomara Nuñez de Céspedes, destaca que garantir condições de igualdade para as mulheres não é apenas uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento e prosperidade. 

“Quando as mulheres desfrutam de oportunidades iguais, a sociedade como um todo se beneficia. Educação, empoderamento econômico e envolvimento das mulheres na política são essenciais para construir um futuro mais justo e sustentável”. 

Liderança com diálogo 

A presidente do Sistema OCB no Maranhão, Aureliana Luz, é um exemplo de liderança feminina cooperativista que tem apoiado outras mulheres a transformar suas histórias. Assistente social com especializações em gestão de cooperativas e liderança, começou sua caminhada no cooperativismo há 12 anos. Antes de ser a primeira mulher a presidir o Sistema OCB/MA, participou da fundação de duas cooperativas no estado. 

“O cooperativismo se tornou muito mais do que uma atividade profissional. É um estilo de vida, uma filosofia que me guia e me inspira. Ele representa a crença no poder da colaboração, na força da união e na capacidade de transformar vidas através da cooperação”, destaca. 

Apaixonada pelo cooperativismo e reconhecida por sua habilidade de comunicação, Aureliana tem uma gestão marcada pelo diálogo e investe na representação institucional junto a parlamentares e secretarias estaduais para fortalecer o coop em seu estado. “As mulheres líderes trazem para o ambiente de trabalho uma maior abertura para o diálogo, a empatia e a busca por soluções colaborativas, criando um clima de confiança e respeito mútuo”, afirma. 

Com a mesma dedicação, a cooperativista maranhense trabalha para ampliar a participação feminina no cooperativismo, por meio da implementação de programas como o “Mulheres Cooperativistas em Ação”, que visa capacitar e empoderar mulheres para que assumam papéis de liderança em suas cooperativas; e a criação do "Selo Cooperativa Amiga da Mulher", que reconhece e premia cooperativas maranhenses que se destacam na promoção da igualdade de gênero.

“Podemos avançar na criação de um ambiente mais inclusivo e equitativo para as mulheres gestoras no cooperativismo. Para isso, é fundamental investir em programas de capacitação e desenvolvimento de lideranças femininas, promover a igualdade de oportunidades, combater o assédio e a discriminação, e criar redes de apoio para mulheres em cargos de gestão”, ressalta Aureliana. 

Para promover a inclusão e equidade de gênero entre as cooperativas, o Sistema OCB/MA também implementou comitês de mulheres, realiza eventos e workshops sobre liderança feminina e criou  programas de mentoria para mulheres cooperativistas. Segundo Aureliana, as ações são passos de um longo caminho a ser percorrido para valorizar cada vez mais a presença e força das mulheres no coop. 

“Ainda enfrentamos desafios relacionados ao preconceito de gênero, à falta de representatividade feminina em cargos de liderança e à dificuldade de conciliar a vida profissional com as responsabilidades familiares. No entanto, tenho orgulho de dizer que o número de mulheres em cargos de liderança no cooperativismo tem crescido, e cada vez mais mulheres ocupam posições de destaque, inspirando outras a seguirem seus passos”, pondera. 

Elas pelo Coop 

Em todo o país, as cooperativas têm incorporado políticas de inclusão e valorização das mulheres em seus planejamentos estratégicos. O tema é tão importante para o cooperativismo brasileiro que o Sistema OCB criou o Guia de Implantação de Estratégias em Inclusão, Diversidade e Equidade, com orientações e ferramentas para esse trabalho.

Em outra iniciativa afirmativa, a entidade constituiu, em 2020, o Comitê Nacional de Mulheres Elas pelo Coop, em que 24 integrantes, de 24 estados, buscam a construção coletiva de projetos e propostas que contribuam para um cooperativismo mais diverso e democrático. 

“O  comitê  foi  oficialmente criado como um dos desdobramentos do 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC) e é formado por cooperadas ou empregadas de cooperativas. A missão do Elas pelo Coop é ampliar a participação de mulheres no cooperativismo, especialmente em cargos de liderança”, explica Divani de Souza, analista de desenvolvimento de cooperativas da Unidade Nacional do Sistema OCB, que assessora o comitê.

As integrantes do Comitê Nacional Elas pelo Coop são indicadas pelas Organizações Estaduais. O colegiado atua em quatro eixos: formação e capacitação; elaboração de diretrizes; representação institucional e intercooperação. Além do comitê nacional, 17 Comitês Estaduais Elas em Coop já estão em funcionamento. 

Para apoiar as cooperativas a colocar em prática as iniciativas de inclusão feminina, o Sistema OCB disponibiliza o Manual de Implementação de Comitês de Mulheres nas Cooperativas, com o passo a passo para estruturar a criação dos grupos em cada coop, do planejamento à formação continuada das participantes. 

Educação para inclusão 

Investir na formação das mulheres para ampliar a participação delas em cargos de liderança também está entre as estratégias do Sistema OCB para fortalecer a atuação feminina no segmento. Uma das ferramentas é a oferta de programas de capacitação específicos para esse público, como a trilha de conhecimento Jornada de Formação Liderança Feminina, disponível na plataforma CapacitaCoop, com acesso livre e gratuito. 

Com módulos sobre liderança feminina, cooperativismo e desenvolvimento pessoal, a trilha prepara mulheres cooperativistas para liderar com confiança e construir um posicionamento de protagonismo. 

“São iniciativas que ajudam a ampliar as oportunidades para que mais mulheres assumam cargos estratégicos nas cooperativas. Elas também refletem o compromisso contínuo do cooperativismo brasileiro com a construção de um cooperativismo mais diverso, inovador e alinhado às necessidades da sociedade”, afirma a superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella.

foto da cooperativa Coprima
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Cooperativas têm papel essencial para a segurança alimentar

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Garantir o acesso de todas as pessoas a alimentos seguros e nutritivos é um dos principais desafios da Agenda 2030, o plano de ação global da Organização das Nações Unidas (ONU) para promover um mundo mais justo e sustentável. A meta está definida no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2 - Fome zero e agricultura sustentável, e as cooperativas  desempenham um papel essencial para alcançá-lo em todo o mundo. 

Segundo projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o mundo precisará produzir 70% mais alimentos para atender a população em 2050. O cenário é desafiador, mas representa grandes oportunidades para o cooperativismo agropecuário brasileiro, reconhecido mundialmente por equilibrar produção e sustentabilidade. 

Com mais de um milhão de produtores cooperados, sendo 71% agricultores familiares, as cooperativas brasileiras são protagonistas no fornecimento de alimentos para o país e o mundo, e já são responsáveis por mais de 50% da safra nacional de grãos, segundo dados do Censo Agropecuário 2017, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

“Hoje as coops agropecuárias produzem 75% do trigo, 55% do café, 53% do milho, 52% da soja, 50% dos suínos, 46% do leite e 43% do feijão no Brasil. Além disso, também contribuem significativamente para as cadeias produtivas de frutas, hortaliças, fibras e no setor sucroenergético”, lista a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta. 

Produzir alimentos de qualidade, de forma justa e sustentável é um compromisso de todo cooperativismo brasileiro, colocado em prática por pequenas, médias e grandes cooperativas. Além de contribuir para a segurança alimentar – com produtos que chegam à mesa de milhões de brasileiros, à merenda escolar e programas sociais – as boas práticas também favorecem os produtores, ampliando seu acesso a mercados que reconhecem a importância da procedência e das condições de produção. Ou seja, é um processo socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto. 

Em comunidades vulneráveis, o papel das cooperativas para garantir alimentos a quem precisa e promover a agricultura sustentável é ainda mais notável. Nesses locais, além de viabilizar a criação de negócios e aumentar a produtividade e a renda de quem produz e comercializa alimentos – como agricultores familiares e extrativistas – esse trabalho é realizado com respeito ao meio ambiente e menor impacto na natureza. 

Transformação no semiárido baiano

No interior da Bahia, em Uauá, um pequeno município de 25 mil habitantes, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) tem ajudado 285 famílias de agricultores a construir uma vida melhor. Elas produzem umbu e maracujá do mato, plantas nativas da Caatinga, e transformam as frutas em doces, compotas, geleias, sucos e polpas. A cooperativa garante acesso a mercados e preços justos. 

“Os cooperados colhem as frutas de forma sustentável, respeitando os ciclos naturais, e as entregam à Coopercuc, que faz o beneficiamento e a comercialização. A cooperativa mantém um processo produtivo artesanal e certificado, garantindo a qualidade dos produtos e promovendo o comércio justo”, explica a diretora da Coopercuc, Jussara Dantas.

Além dos benefícios diretos para os cooperados, a Coopercuc gera impacto positivo para mais de 2,5 mil pessoas na cidade, considerando as famílias dos associados, os trabalhadores envolvidos no processo produtivo e a comunidade em geral, que se beneficia com ações de desenvolvimento sustentável, geração de renda e fortalecimento da agricultura familiar na região. 

Com esse modelo de negócio, a Coopercuc contribui diretamente para promover a segurança alimentar e a agricultura sustentável no semiárido baiano. Uma parte da produção da cooperativa vai direto para a merenda de escolas da cidade, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), em que o governo compra os alimentos direto de quem produz para que os estudantes tenham acesso a refeições saudáveis e de qualidade. 

Além da merenda, a cooperativa baiana também é fornecedora do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que destina produtos para instituições sociais e pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional. 

Para os agricultores, os benefícios também são enormes. Antes da criação da cooperativa, em 2004, Jussara lembra que o umbu e outras espécies da Caatinga eram pouco valorizados. Hoje, essas frutas são fonte de renda sustentável e garantem autonomia financeira para muitas famílias da região.

Aliado ao conhecimento tradicional sobre as plantas nativas, os agricultores cooperados têm acesso a capacitações técnicas sobre manejo sustentável, produção orgânica e boas práticas de fabricação; apoio na comercialização, buscando novos mercados e garantindo preços justos; assessoria para certificação orgânica e comércio justo, agregando valor aos produtos; incentivo à organização comunitária e fortalecimento da economia solidária. 

Toda a produção da Coopercuc segue o sistema agroecológico, com preservação da biodiversidade e uso racional da água. O resultado é o fortalecimento da economia local, com redução do êxodo de pequenos agricultores para outros municípios, a valorização da cultura do semiárido e a redução no desmatamento na Caatinga. Além disso, a Coopercuc tem participação expressiva de mulheres entre seus cooperados, garantindo renda e representatividade. 

“Nossa atuação tem transformado vidas e impulsionado o desenvolvimento sustentável na região do semiárido, mostrando que é possível aliar economia solidária, conservação ambiental e impacto social positivo”, afirma a diretora. 

Produção sustentável na Amazônia

Em Primavera, no Pará, a 200 quilômetros de Belém, a Cooperativa de Trabalho de Agricultores Familiares de Primavera (Cooprima) também reúne agricultores familiares que apostam no modelo agroecológico para produção de hortaliças, frutas e mel orgânicos, aliando preservação ambiental e sustentabilidade econômica. 

Há 10 anos fortalecendo os pequenos produtores e conservando a floresta, a coop tem cerca de 100 associados. Uma delas é a agricultora Socorro Santos, que produz mel, tucupi, goma, melancia, mamão e limão, e que viu seu trabalho ser valorizado com a venda de sua produção por meio da cooperativa. 

“Hoje a gente oferece mais qualidade no nosso produto e também tem qualidade de vida por causa dos cursos e incentivos que a Cooprima tem nos dado, avançamos bastante financeiramente com esse apoio. Isso tudo é fruto de muito trabalho e aprendizado de toda a família”, contou. 

Para o cooperado Paulo Ricardo, que faz parte da Cooprima há seis anos, a atuação coletiva garantiu conquistas que os produtores da região não alcançariam sozinhos. “Antes era difícil vender os produtos por um valor bom pra gente, na coop a gente consegue cobrar um valor melhor e o volume de vendas também aumentou. Aqui eu aprendi a vender melhor, negociar melhor os produtos, agregar valor por meio da industrialização, fora os cursos que a cooperativa oferece para a gente”, afirmou. 

A presidente da Cooprima, Joelma Trindade, explica que o apoio aos cooperados é oferecido especialmente via assistência técnica, orientação no plantio das culturas e comercialização dos produtos. “Vendemos principalmente para as políticas públicas do governo federal, como o PNAE, da merenda escolar, mas também para o consumidor direto, participando de feiras locais e empórios do Sistema OCB/PA”, disse a gestora.

Em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Cooprima também contribui para o combate à fome na região, com o fornecimento de produtos para instituições que repassam os alimentos para famílias carentes no município de Primavera e cidades vizinhas.

Com olhar para o futuro, a Cooprima tem programas para inclusão de mulheres e jovens nas áreas de decisão de cooperativa como estratégia para promover o cooperativismo e assegurar a continuidade dos negócios familiares. “Uma das nossas iniciativas é o Comitê de Mulheres, que tem como objetivo estimular filhas e esposas de cooperados a participarem das capacitações, incentivando-as a se envolverem em cargos de diretoria na cooperativa, entendendo a importância da mulher na liderança. Também incentivamos a participação juvenil na cooperativa para que esse público se mantenha no campo, evitando o êxodo rural”, detalhou a gestora.

Tania Zanella

Dia Internacional da Mulher: Tania Zanella destaca competência feminina para transformar o coop

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Uma líder nata, que trabalha para abrir caminhos para outras mulheres no cooperativismo. Essa é Tania Zanella, superintendente do Sistema OCB. Primeira mulher no cargo, ela também havia sido pioneira como gerente de Relações Institucionais e gerente-geral da instituição. 

À lista de conquistas como liderança feminina, Tania somou recentemente a presidência do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), que reúne 59 entidades do setor e é responsável por defender os interesses da agricultura e prestar assessoria técnica à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional. 

Conciliadora e dedicada, Tania Zanella é advogada de formação, mas também tem profundo conhecimento sobre o meio rural, uma herança de sua família de agricultores do interior de Santa Catarina. Reconhecida pela competência e capacidade de aperfeiçoamento de processos de trabalho, a superintendente do Sistema OCB tem extensa formação em direito e experiência de quase 20 anos dedicados ao cooperativismo.

Sua atuação pelo fortalecimento das cooperativas é reconhecida em todo o país. Em 2008, Tania foi responsável pela estruturação da Gerência de Relações Institucionais da OCB, um projeto que a orgulha e que profissionalizou a representação do cooperativismo junto aos Três Poderes.

Conquistas como essas levaram Tania a ser reconhecida como uma das 100 mulheres mais importantes do agronegócio, da Revista Forbes, e a receber importantes honrarias, como a Medalha do Mérito Cooperativista Paulo de Souza Lima, concedida pelo Sistema Ocemg

“Ser pioneira em diferentes cargos dentro do cooperativismo também traz a responsabilidade de inspirar outras mulheres a ocuparem espaços de liderança. Acredito que, pelo exemplo, pela capacitação contínua e pelos resultados que entregamos, podemos abrir portas para que mais mulheres se sintam encorajadas a trilhar esse caminho”, afirmou a superintendente em entrevista ao Sistema OCB na véspera do Dia Internacional da Mulher. Leia mais:

Sistema OCB: Como começou sua história com o cooperativismo? 

Tania Zanella: Minha história com o movimento cooperativista vem desde a infância, em Santa Catarina, onde o cooperativismo está profundamente enraizado. Meu pai é um cooperativista e cresci perto desse modelo de negócios que transforma realidades de forma tão positiva e única.

Já a minha trajetória profissional começou em 2008, quando passei a integrar a equipe do Sistema OCB como assessora de Relações Institucionais. Em 2012, assumi a gerência-geral, sendo a primeira mulher a ocupar essa posição. Em setembro de 2021, tornei-me também a primeira mulher a assumir a superintendência do Sistema OCB.

Qual é a sua missão como liderança do cooperativismo?

O cooperativismo representa uma força transformadora, capaz de promover desenvolvimento econômico e social de forma sustentável e inclusiva. Minha missão é fortalecer e ampliar o impacto positivo das cooperativas no Brasil, promovendo a união e o desenvolvimento das comunidades.

As cooperativas desempenham um papel crucial no país. Elas representam mais de 23 milhões de cooperados, movimentam mais de R$690 bilhões e geram 550 mil empregos diretos, segundo o Anuário do Cooperativismo 2024.

O que representa ser a primeira mulher a assumir o cargo de superintendente do Sistema OCB?

Ser a primeira mulher a assumir a superintendência do Sistema OCB é uma honra e uma responsabilidade significativa. Ser pioneira em diferentes cargos dentro do cooperativismo também traz a responsabilidade de inspirar outras mulheres a ocuparem espaços de liderança. Acredito que, pelo exemplo, pela capacitação contínua e pelos resultados que entregamos, podemos abrir portas para que mais mulheres se sintam encorajadas a trilhar esse caminho. Em sua essência, o cooperativismo valoriza a inclusão e a colaboração, e é fundamental que sigamos promovendo oportunidades para que o talento feminino continue transformando o setor.

Quais são os maiores desafios de gênero enfrentados no seu papel de líder?

Os desafios de gênero incluem a superação de preconceitos e estereótipos que ainda persistem em ambientes tradicionalmente masculinos. É fundamental promover a igualdade de oportunidades e incentivar a participação feminina em todos os níveis de liderança, criando um ambiente inclusivo e diverso.

Quais são os diferenciais de uma mulher no papel de liderança?

A gestão feminina pode trazer perspectivas diferenciadas, como uma abordagem mais colaborativa e sensível às questões de inclusão e diversidade. Mulheres em posições de liderança frequentemente trazem empatia, resiliência e capacidade de multitarefa, enriquecendo a tomada de decisões. No Sistema OCB, temos implementado políticas que promovem a igualdade de gênero, incentivando a participação feminina em programas de formação de lideranças e criando ambientes de trabalho mais inclusivos.

O que o Sistema OCB tem feito para apoiar as mulheres cooperativistas? 

Temos atuado de forma estratégica para fortalecer a participação feminina no cooperativismo, com o apoio e a promoção de diversas iniciativas que incentivam a equidade de gênero e a ocupação de espaços de liderança por mulheres. Um exemplo importante é o Comitê Elas pelo Coop, criado para conectar e fortalecer lideranças femininas, além de estimular a adoção de políticas e práticas mais inclusivas dentro das cooperativas. A nossa plataforma de Ensino a Distância (EAD), a CapacitaCoop, também inclui programas de capacitação e cursos voltados ao desenvolvimento profissional, à formação de lideranças femininas e à adoção de práticas inclusivas.

São iniciativas que ajudam a ampliar as oportunidades para que mais mulheres assumam cargos estratégicos e consigam perceber sua importância no movimento. Elas também refletem o compromisso contínuo do Sistema OCB com a construção de um cooperativismo mais diverso, inovador e alinhado às necessidades da sociedade.

Quais os principais desafios do cooperativismo atualmente?

Acredito que o cooperativismo pode avançar ainda mais na promoção da diversidade e inclusão, especialmente em posições de liderança. Além disso, é importante investir em inovação e sustentabilidade, adaptando-se às demandas contemporâneas e fortalecendo a competitividade das cooperativas no mercado global.

Para finalizar, que mensagem você deixa para as mulheres cooperativistas que pretendem ocupar espaços de liderança?

Aconselho que acreditem em seu potencial e busquem constantemente o aprimoramento profissional. É essencial construir uma rede de apoio, participar de programas de capacitação e não se deixar abater por obstáculos. A determinação e a perseverança são fundamentais para alcançar posições de liderança e promover a transformação que desejamos ver na sociedade.

Imagem de membros da cooperativa Comaru da Amazônia
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Cooperativas da Amazônia contribuem com a erradicação da pobreza

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Em 2025, o cooperativismo está sendo reconhecido mundialmente com o Ano Internacional das Cooperativas, declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) pela nossa capacidade de promover o crescimento justo e sustentável nos lugares em que atuamos. Seja em pequenas comunidades agrícolas, em grandes centros urbanos ou mesmo em plena Amazônia, o cooperativismo faz a diferença para milhões de pessoas que decidem empreender coletivamente.

O tema do reconhecimento da ONU, “Cooperativas constroem um mundo melhor”, está diretamente relacionado ao potencial do coop de criar condições socioeconômicas que têm impacto tanto para os cooperados quanto para suas comunidades. Essa atuação também faz do cooperativismo um importante agente para o cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma série de metas definidas pela ONU para construir um mundo mais justo até 2030. 

Os ODS abrangem temas como redução de desigualdades, segurança alimentar, consumo sustentável, mudança climática, diversidade, paz e justiça, entre outros. Em cada um deles, o cooperativismo contribui para alcançar as metas, ajudando a construir um mundo melhor por meio da geração de trabalho e renda de forma sustentável. Em uma série de reportagens, vamos mostrar como as cooperativas brasileiras têm ajudado o país a cumprir os ODS. 

Do Norte do Brasil vem o exemplo de duas coops que têm feito a diferença para famílias dos estados do Acre e Amapá. Essa região do país é a mais afetada pela fome, em que 7,7% dos lares sofreram com a falta de alimentos em 2023, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, 38,5% dos habitantes da Região Norte eram pobres no mesmo período e os extremamente pobres somaram 6%, atrás apenas do Nordeste na comparação regional. 

Nesse cenário, o cooperativismo tem sido fundamental para alcançar o ODS 1 – Erradicação da pobreza, ao promover o desenvolvimento em localidades remotas ou com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo. Como as cooperativas fazem isso? Gerando renda para os cooperados, auxiliando pequenos agricultores e extrativistas a organizarem a comercialização de seus produtos, fortalecendo o setor produtivo local e incentivando práticas agrícolas sustentáveis, que são mais valorizadas no mercado.

“Um grande diferencial das coops é que elas garantem aos seus cooperados acesso a insumos de qualidade, tecnologias modernas, assistência técnica, soluções de armazenagem, agregação de valor aos produtos e canais eficientes de comercialização. Esse suporte é fundamental para aumentar a produtividade e assegurar a viabilidade econômica dos produtores, especialmente os de pequeno porte, que muitas vezes enfrentam barreiras para acessar mercados de forma independente”, explica a analista técnico institucional de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro. 

Castanha e bioeconomia 

A Cooperativa Mista dos Produtores e Extrativistas do Rio Iratapuru (Comaru) é um exemplo de cooperativa que faz a diferença no seu entorno, auxiliando na geração de renda para os castanheiros da região sul do Amapá e contribuindo com a erradicação da pobreza. A castanha-do-brasil é o principal produto não madeireiro da Amazônia e também a primeira fonte de renda para as famílias que passam por uma longa jornada de três meses para a coleta dos frutos. Esse processo é feito quase que exclusivamente por povos e comunidades tradicionais da região, que respeitam e trabalham na floresta de forma sustentável.

Atualmente com 105 cooperados, a Comaru foi fundada em 1992 com o objetivo de reunir os castanheiros da Comunidade São Francisco do Iratapuru para a negociação de melhores preços e valorização da castanha no mercado brasileiro. Além de atuar na comercialização de produtos dos cooperados em vários estados do Brasil, a Comaru também se destaca pelas práticas de sustentabilidade, tanto para conservar a biodiversidade local como para capacitar os extrativistas quanto ao uso de técnicas de coleta sustentável e manejo de recursos naturais. 

Os cooperados da Comaru atuam em uma reserva sustentável em Laranjal do Jari, na divisa entre o Amapá e o Pará, e comercializam produtos não madeireiros que preservam a Amazônia e aliam conservação e desenvolvimento, como castanhas in natura, amêndoas descascadas, óleo e farinha de castanha.

Considerando o contexto de desmatamento crescente na Amazônia, a Comaru é um ponto focal na cadeia produtiva local e tornou-se um lugar de representação dos interesses dos extrativistas e de conservação do meio ambiente, além de um espaço de negociação coletiva, que proporciona melhoria das condições de vida e mais vantagens econômicas para esses profissionais.

“Nós oferecemos todo o suporte para nossos cooperados, dando orientações sobre cadeia produtiva, rastreabilidade e qualidade do produto, importância da cooperativa para o cooperado, ajudando sempre quando ele mais precisa, com questões de saúde ou suporte de equipamentos, por exemplo”, afirma Aldemir Pereira, diretor administrativo da Comaru.

Segundo ele, o cooperativismo e o associativismo têm desempenhado um papel essencial para os extrativistas do Vale do Jari, auxiliando-os nos desafios do mercado, na erradicação da pobreza na região e na preservação dessas comunidades para o futuro. “A Comaru gera empregos na agroindústria para os cooperados, faz adiantamento da safra para cada produtor coletar sua castanha, apoia no escoamento da produção, dá assistência e também realiza eventos sociais e ambientais para estimular a preservação da natureza junto aos castanheiros”, explica o gestor. 

Extrativismo sustentável 

A Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), com sede em Rio Branco, é mais uma mostra de como o modelo cooperativista tem contribuído para a erradicação da pobreza por meio da geração de trabalho, responsabilidade social, preservação florestal e crescimento sustentável.

Maior produtora nacional de castanha-do-brasil, além de trabalhar com borracha, frutas nativas, palmito e café, a coop é referência na promoção de economia de baixo carbono e em práticas de extração que preservam o meio ambiente. Em 2022, a Cooperacre conquistou o Prêmio Somos Coop Melhores do Ano na categoria Inovação por aplicar tecnologia aliada ao desenvolvimento sustentável. 

Na rotina diária, a Cooperacre foca na produção de alto nível sem abrir mão da proteção ao meio ambiente, alavancando o progresso de seus cooperados, com impacto para a economia do estado. Com o projeto “Fortalecendo a economia de base florestal sustentável”, a coop recebeu, em 2019, cerca de R$ 5 milhões do Fundo Amazônia, que financia ações de conservação da floresta. 

Com a exportação de produtos orgânicos e certificados, a Cooperacre investe em uma economia de baixo carbono, gera empregos, impacto econômico e mais renda para as famílias que residem no Norte do país, com impacto direto para a erradicação da pobreza. Inclusão social e preços competitivos também integram os pilares da cooperativa que beneficia e representa os interesses dos extrativistas acreanos.

Inovação no cooperativismo

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Foto das crianças beneficiadas pela cooperativa
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Cooperativa mirim do Marajó transforma realidade de crianças ribeirinhas

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A 16 horas de barco de Belém (PA), a comunidade Santo Ezequiel Moreno, no Arquipélago do Marajó, reúne cerca de 200 ribeirinhos que têm na floresta e nas águas sua fonte de trabalho e renda. Assim como em outros territórios amazônicos, as crianças e adolescentes da comunidade precisavam de mais espaços de lazer, cultura e educação. Em 2024, a criação da Cooperativa Mirim Marajoara começou a mudar essa realidade. 

Desenvolvido pelo Sicoob Cooesa em parceria com o Sistema OCB/PA, o Instituto Sicoob e a Coopiaçá, uma cooperativa de produtores de açaí da comunidade, o projeto beneficia diretamente 68 filhos e filhas de cooperados extrativistas, com impactos para toda a comunidade. A iniciativa ganhou reconhecimento nacional com o primeiro lugar no Prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2024 na categoria Cultura Cooperativista.

De acordo com a diretora financeira do Sicoob Cooesa, Andrea Almeida, as crianças e adolescentes da comunidade sempre estiveram envolvidos em projetos das cooperativas que atuam no local, mas não tinham um espaço exclusivo em que pudessem conhecer os valores e a cultura cooperativistas. 

"Desenvolver o sentimento de cooperativismo entre  essas crianças e adolescentes será algo ímpar na educação e na vida delas. A cooperativa mirim tem a preocupação de formar, capacitar e estimular a sucessão cooperativista, considerando as atividades do extrativismo e a necessidade de promover a permanência das crianças e adolescentes na escola, o preparo para a inclusão no mundo do trabalho, de forma decente, dentro de suas realidades culturais, mas com proteção social, protagonismo, cooperação, cidadania e autonomia, afirma. 

Para a implantação da Cooperativa Mirim Marajoara, quatro professores e 68 crianças e jovens receberam capacitação sobre o funcionamento de uma coop, princípios e valores cooperativistas, importância da formação de novos líderes cooperativistas para sucessão, entre outros temas. 

Além disso, as cooperativas do projeto construíram uma brinquedoteca completa e um espaço de convivência para os encontros dos cooperados mirins.

“Com a cooperativa formada por elas, as crianças já vão entender o processo do cooperativismo dentro da comunidade, vivenciando na prática, na sala de aula e em pequenas ações, a importância do cooperativismo e das cooperativas para o desenvolvimento das comunidades do Marajó”, destaca o presidente da Coopiaçá, Teofro Lacerda Gomes.

Cooperada da Coopiaçá e mãe de participantes do projeto, Sonia do Socorro espera que o projeto abra novas oportunidades de educação e trabalho para os filhos.“Para nós, da cooperativa e da comunidade, é muito importante que os nossos filhos participem e conheçam o cooperativismo para, futuramente, nos ajudarem a tocar a cooperativa sem precisar sair da escola ou da comunidade”, planeja.

Exemplo de transformação

Mais do que uma iniciativa local, a Cooperativa Mirim Marajoara Santo Ezequiel Moreno demonstra o potencial do cooperativismo como ferramenta de transformação social de comunidades. Além de formar jovens conscientes, o projeto reforça os laços comunitários e fortalece o compromisso com a educação de qualidade, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Em plena Amazônia, a cooperativa mirim também tem como foco fortalecer entre as crianças e jovens da comunidade o cuidado com o meio ambiente como estratégia para melhoria da qualidade de vida das populações ribeirinhas do Marajó. 

Depois dos bons resultados em Santo Ezequiel Moreno, a meta é implantar cooperativas mirins em outros territórios amazônicos e comunidades tradicionais.

O Programa Cooperativa Mirim é um projeto do Instituto Sicoob voltado para crianças e jovens de 8 a 17 anos para promover a formação de cooperativas em escolas e instituições, com base nos princípios do cooperativismo. A metodologia é interdisciplinar, focada na educação para o desenvolvimento de competências sociais e coletivas.

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Representação política e institucional

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O trabalho de representação política e institucional do Sistema OCB estabelece um diálogo estratégico e constante com os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, para defender os interesses do movimento cooperativista e promover um ambiente favorável ao desenvolvimento de políticas públicas que valorizem o cooperativismo brasileiro.

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Brasileiro presidente da ACI-Américas diz que cooperativas podem reduzir desigualdades no continente

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Um cooperativista brasileiro lidera a representação regional da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) nas Américas e tem a missão de fortalecer o cooperativismo no continente no momento em que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece e valoriza o segmento como ferramenta para construção de um mundo melhor. 

Ao longo de mais de 30 anos dedicados ao cooperativismo, José Alves de Souza Neto conheceu de perto o potencial de transformação das cooperativas e acredita que elas são um modelo de negócios capaz de promover a equidade, autonomia e justiça social em uma região com tantas desigualdades. 

Com décadas de experiência no comando de uma das maiores centrais de cooperativas de saúde do país, a Uniodonto do Brasil, Dr. José Alves, como é conhecido, afirma estar pronto para conduzir a ACI-Américas no Ano Internacional das Cooperativas e aproveitar a oportunidade de 2025 para construir um legado cooperativista para as novas gerações. 

“É fundamental aproveitarmos esse momento não apenas para realizar ações pontuais ao longo de 2025, mas para desencadear processos e projetos que tenham continuidade e impacto nos anos seguintes”, disse Alves em entrevista concedida ao Sistema OCB após participar, em Nova Delhi, na Índia, da Conferência Global da ACI. Confira a entrevista completa:

 

Sistema OCB: Como o senhor recebeu o desafio de liderar a ACI-Américas em um momento tão importante para o cooperativismo, às vésperas do Ano Internacional das Cooperativas?

Dr. José Alves: Recebi a missão de liderar a ACI-Américas com profundo senso de responsabilidade e entusiasmo. Estar à frente de uma organização tão representativa neste momento histórico é uma oportunidade única de potencializar o impacto do cooperativismo nas Américas e no mundo. O reconhecimento da ONU ressalta a relevância do nosso movimento para o desenvolvimento econômico e social, e estamos comprometidos em aproveitar essa oportunidade para fortalecer e promover iniciativas que evidenciem nosso impacto positivo nas comunidades. 

 

Como líder da ACI-Américas, qual a expectativa do senhor para o Ano Internacional das Cooperativas? Como o segmento pode aproveitar a visibilidade desse reconhecimento global?

O Ano Internacional das Cooperativas é uma oportunidade única para aumentar a visibilidade do movimento em todo o mundo. Pretendemos destacar como as cooperativas constroem um mundo melhor, promovendo eventos, campanhas de conscientização e fortalecendo parcerias com governos e organizações internacionais.

No entanto, é fundamental que aproveitemos esse momento não apenas para realizar ações pontuais ao longo de 2025, mas para desencadear processos e projetos que tenham continuidade e impacto nos anos seguintes. Nosso objetivo é criar movimentos que fortaleçam o cooperativismo de forma duradoura, consolidando práticas, iniciativas e parcerias que permaneçam e continuem gerando benefícios para as comunidades e para a sociedade global.

                                                                                          

Qual o papel do cooperativismo nas Américas, tendo em vista os indicadores econômicos e sociais do continente, e também a diversidade de realidades entre os países?

O cooperativismo nas Américas desempenha um papel crucial na promoção da inclusão social, geração de empregos e desenvolvimento sustentável. Embora rico em recursos e culturas, o continente apresenta profundas desigualdades sociais e de direitos, que demandam soluções inovadoras e inclusivas. Nesse contexto, as cooperativas se destacam por oferecer modelos que promovem equidade, autonomia e justiça social.

Além disso, é fundamental que a ACI-Américas se aproxime de organismos internacionais que possam potencializar nossas ações, reconhecendo nas cooperativas um parceiro estratégico que comprovadamente promove a distribuição de renda, justiça e inclusão social. Essa articulação não apenas amplia o impacto das iniciativas cooperativistas, mas também fortalece o movimento como uma força transformadora para enfrentar os desafios sociais e econômicos do continente. Nossa missão é fortalecer essas iniciativas por meio da intercooperação e do compartilhamento de boas práticas, contribuindo para a construção de sociedades mais justas e igualitárias.

 

Quais os principais desafios para o cooperativismo nas Américas e como a ACI pode apoiar entidades e cooperativas para ampliar o conhecimento sobre o coop e aumentar a adesão ao modelo de negócios cooperativista?

Os principais desafios para o cooperativismo nas Américas incluem o fortalecimento do alinhamento legal entre os países, a diversificação e modernização dos modelos de negócios cooperativos e a disseminação de boas práticas para ampliar a adoção do modelo cooperativista. A ACI-Américas atua como facilitadora, promovendo o diálogo e a intercooperação entre as cooperativas do continente.

Um aspecto fundamental é aproveitar os modelos de sucesso como exemplos para o desenvolvimento de outras cooperativas. Existem países com mais experiência em determinados ramos do cooperativismo, como o agropecuário, financeiro ou de saúde, que podem servir de referência para outros países menos desenvolvidos nesses setores. Vale destacar que o alinhamento legal entre os países é crucial para reduzir barreiras burocráticas, facilitar a intercooperação e criar um ambiente favorável para o crescimento do cooperativismo. 

Quais são as prioridades e perspectivas de sua gestão à frente da ACI-Américas? 

Minha gestão à frente da ACI-Américas tem como prioridade o fortalecimento institucional do movimento cooperativista, criando uma base sólida para que as cooperativas possam se desenvolver e prosperar. Isso inclui fomentar a intercooperação entre cooperativas de diferentes países, harmonizar marcos legais e promover uma governança mais eficiente e inclusiva.

O fortalecimento institucional passa também por assegurar que as cooperativas sejam reconhecidas como atores-chave nos debates econômicos e sociais, tanto no nível local quanto no internacional. Precisamos ampliar nossa capacidade de articulação com governos, organismos internacionais e outros parceiros estratégicos, destacando o papel das cooperativas como motores de desenvolvimento sustentável e inclusão social. Outro ponto essencial é apoiar as cooperativas na adoção de modelos de negócios inovadores e sustentáveis, garantindo que possam enfrentar os desafios do futuro com competitividade e resiliência. 

Que mensagem o senhor gostaria de transmitir aos cooperativistas do Brasil e do continente?

Aos cooperativistas do Brasil e das Américas, reforço que o cooperativismo é mais do que um modelo de negócios – é um movimento de transformação social. Unidos pelos nossos valores e princípios, temos a força necessária para construir um futuro mais justo, sustentável e inclusivo. Juntos, podemos superar os desafios e aproveitar as oportunidades que se apresentam, deixando um legado de impacto positivo para as próximas gerações.

 Agenda da ACI-Américas para o  Ano Internacional das Cooperativas

A ACI-Américas estruturou uma agenda estratégica de eventos para 2025, com foco em quatro áreas temáticas de grande relevância para o desenvolvimento sustentável e a promoção do modelo cooperativista:

Produtividade e Desenvolvimento Local e Territorial

Data: 12 e 13 de maio de 2025 

Local: Chile 

Economia do Cuidado

Data: 8 e 9 de julho 

Local: Panamá

Finanças Cooperativas para o Desenvolvimento Sustentável

Data: 27 e 28 de agosto  

Local: México 

Educação e Cooperativismo

Data: 9 e 10 de outubro

Local: Paraguai

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Cooperativa refloresta área de Mata Atlântica com apoio de cooperados

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Já pensou em adotar uma árvore? Com essa proposta, o Sicoob Coopemata, de Minas Gerais, mobilizou seus cooperados e conseguiu recompor quase 9 mil metros quadrados de Mata Atlântica. De árvore em árvore, a iniciativa “Transformação Sustentável: Neutralização de CO² e Reflorestamento para um Futuro Verde” recuperou uma área degradada de vegetação nativa com a força da cooperação e venceu o Prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2024 na categoria Desenvolvimento Ambiental. 

Tudo começou com uma ideia que parecia simples: plantar algumas árvores para compensar o uso de papel nos trâmites do dia a dia da cooperativa, como uma devolução simbólica à natureza das que haviam sido transformadas em celulose. O que os colaboradores da cooperativa não imaginavam é que a missão ganharia uma proporção muito maior e resultaria na restauração florestal de uma grande área de Mata Atlântica em Juiz de Fora, no sudeste de Minas. 

Historicamente formado pelos ciclos do café, pecuária e indústria, o município mantém apenas cerca de 12% da floresta original de Mata Atlântica que cobria seu território. Para proteger o que resta de vegetação e recompor as zonas degradadas, algumas áreas de conservação formam um cinturão verde ao redor da cidade. Uma delas é a Reserva Santuário, um oásis de 920 mil metros quadrados (m²) utilizados para pesquisa, ensino e recepção de animais silvestres resgatados. 

Uma parceria firmada entre o Sicoob Coopemata e a Associação dos Amigos (Aban)Associação dos Amigos (Aban), responsável pela reserva ecológica, juntou a vontade de plantar com uma floresta inteira em processo de recuperação. Para cumprir a tarefa, a cooperativa sabia que ia precisar do apoio dos cooperados, e lançou a campanha Adote uma Árvore, em que os interessados contribuíam com R$ 195, aportados em suas contas capitais, para levar o projeto adiante. 

Com o apoio dos associados, a cooperativa investiu R$ 18 mil na realização de seu inventário de gases de efeito estufa (para calcular as emissões da cooperativa) e R$ 133,6 mil no plantio e manutenção das árvores. 

De muda em muda, a campanha resultou em mais de 2,2 mil árvores, contribuindo para a recuperação do solo e da vegetação de 8,9 mil m² de áreas degradadas inseridas na Reserva Santuário, e a neutralização do equivalente a 43 toneladas de gás carbônico (CO²), gás de efeito estufa que agrava as mudanças climáticas.

Pai adotivo de algumas árvores do projeto, o voluntário da Aban e analista do Centro Cooperativo Sicoob, Luiz Edmundo Rosa Júnior, participou da construção e execução da campanha e destaca a importância de iniciativas de desenvolvimento socioambiental como essa. “É muito coerente com os princípios cooperativistas. Envolver cooperados, comunidades e a parceria com o terceiro setor é exemplo prático de cooperação a favor de uma economia sustentável.”

Resultados estratégicos 

As ações não apenas reforçaram o compromisso do Sicoob Coopemata com a sustentabilidade, mas também contribuíram diretamente para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13 - Combater a Mudança do Clima e seus Impactos, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). 

Além disso, o projeto demonstrou como práticas sustentáveis podem gerar valor econômico e social. O case exemplifica, ainda, como a inovação e a colaboração podem criar um impacto positivo duradouro, fortalecendo a cooperação e promovendo um ambiente mais saudável e sustentável para todos. 

Além do plantio de árvores, em outra estratégia de redução de emissões de gases de efeito estufa, a cooperativa instalou uma usina fotovoltaica composta por 70 painéis solares em sua sede administrativa, melhorando a eficiência energética e reduzindo os custos operacionais.

A superintendente de Gestão Estratégica do Sicoob Coopemata, Vanessa Lacerda Alves Fajardo, destaca o orgulho de ter colaboradores voluntários engajados em fazer a diferença para a preservação ambiental e combate à crise climática. “A neutralização de CO² é uma preocupação de todos, por isso o Adote uma Árvore deu tão certo, porque é um pouco de cada um, que se transforma em muito e pode melhorar o mundo.”

Outro ganho do projeto vencedor do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2024 foi o fortalecimento da imagem institucional e ampliação do engajamento de cooperados e empregados do Sicoob Coopemata na agenda de sustentabilidade. “Assim que o projeto foi iniciado, decidi adotar uma árvore para ajudar na neutralização do CO². Tive a oportunidade de participar pessoalmente do plantio, o que fortaleceu ainda mais meu sentimento de pertencimento a essa cooperativa. À medida que fui conhecendo os projetos, princípios e valores, passei a considerá-la minha principal instituição”, afirma Nelci Cardoso Mendonça, cooperada há mais de quatro anos.

O diretor da Aban e voluntário da Reserva Santuário, Renato Lopes, destaca a parceria com a cooperativa como um marco para a cooperação em prol do meio ambiente, que pode inspirar projetos sustentáveis em outras regiões. “Fazer parte do processo de recomposição de biomas com o Sicoob Coopemata é uma realização pessoal. Após 10 anos na Amazônia, onde vi a beleza e a destruição causadas pelo atual sistema de desenvolvimento, a parceria nos permite restaurar florestas usando a agricultura sintrópica, que imita a natureza e ainda gera alimentos para famílias vulneráveis. Somos gratos pelas oportunidades que essas parcerias proporcionam”, afirmou. 

Saiba mais sobre os vencedores do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2024.

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Cooperativas com mais de 70 anos de atuação mostram resiliência do cooperativismo brasileiro

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Em um país em que a duração média de uma empresa é de cinco anos, completar décadas de atuação em um negócio é uma prova de excelência, capacidade de adaptação e potencial para inovar. E o cooperativismo tem tudo isso. De acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024, mais da metade (53,3%) das 4.509 cooperativas do país têm mais de 20 anos no mercado. É comum conhecer cooperativas que comemoram bodas de prata ou de ouro e há algumas centenárias espalhadas pelo Brasil. 

“O cooperativismo é um modelo de negócio resiliente e sustentável. Pelo país todo, temos muitas cooperativas com décadas de histórias, em vários ramos. Essa longevidade está diretamente ligada à capacidade do cooperativismo de gerar trabalho e prosperidade com foco nas pessoas e no desenvolvimento das comunidades”, afirma a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta. 

O maior exemplo de resiliência e longevidade do coop brasileiro é a Sicredi Pioneira, a primeira cooperativa do país. Prestes a completar 122 anos em dezembro, a coop segue de portas abertas e em pleno crescimento. Fundada em 1902 pelo padre Theodor Amstad em Nova Petrópolis (RS), Capital Nacional do Cooperativismo, a Pioneira também foi a primeira cooperativa de crédito da América Latina e inaugurou no continente o modelo de instituição financeira que apoia as pessoas em momentos de crise. 

Em mais de um século de história, a Sicredi Pioneira esteve ao lado dos cooperados durante a gripe espanhola, as duas Guerras Mundiais, os períodos de instabilidade política e econômica do país, a hiperinflação nos anos 1980, a pandemia de covid-19, e em muitos outros. 

Para o atual presidente da cooperativa, Tiago Luiz Schmidt, o fato de estar ao lado da comunidade em todos esses momentos históricos é justamente um dos motivos da longevidade da Sicredi Pioneira. “A Pioneira vivenciou esses desafios e dificuldades junto com as pessoas e foi se adaptando. Conseguimos chegar aos 122 anos vivendo a comunidade, fazendo parte dos sonhos, das alegrias e dos desafios. Se fazer presente é um dos requisitos para essa atuação tão longeva”, afirma. 

Além da Pioneira, o Sicredi tem mais cinco cooperativas centenárias pelo país. Segundo Schmidt, para se manterem atualizadas em um segmento em que a transformação tecnológica é tão dinâmica, as cooperativas apostam nos diferenciais cooperativistas. Um exemplo é a presença de agências físicas no interior do país: enquanto os bancos fecham suas portas, as cooperativas fazem questão de oferecer atendimento presencial para alguns públicos, principalmente nas áreas rurais.

“Esse é um dos grandes segredos para a cooperativa conseguir se manter atualizada: ter um vínculo forte com as escolas, com as entidades de classe, os sindicatos rurais, as universidades, empresas, e, claro, com os cooperados”, explica. Cooperado da Sicredi Pioneira desde 2005, Schmidt é o sétimo presidente da cooperativa, que atualmente reúne 250 mil cooperados. 

Por ano, a Sicredi Pioneira recebe mais de 10 mil pessoas interessadas na história e trajetória de solidez da cooperativa, entre estudantes, associados, colaboradores, conselheiros, diretores, dirigentes de Organizações Estaduais e de outros ramos do cooperativismo. “Isso para nós é uma honra e uma grande responsabilidade. Um dos nossos papéis é compartilhar nossa trajetória, porque ela também é a história do cooperativismo brasileiro”, orgulha-se Schmidt. 

Precursora das compras coletivas 

Em outubro, a Coop, uma cooperativa de consumo criada em Santo André, na Região Metropolitana de São Paulo, completou 70 anos com participação consolidada no mercado e histórias que marcam gerações de clientes. 

Com 1 milhão de cooperados e mais de 6 mil colaboradores, a Coop tem mais de 100 unidades de negócios, entre elas 35 supermercados e 68 drogarias, além de canais digitais. No setor de varejo alimentar, o grupo tem 30% de participação de mercado na região do Grande ABC. 

Tudo começou em 1954, quando um grupo de 292 funcionários da Rhodia, uma indústria química e têxtil tradicional da região, decidiu se unir para criar uma alternativa para a compra de alimentos e outros produtos. Em conjunto, eles conseguiam negociar preços no atacado, estocar os itens em um armazém e vender a preços mais justos por meio da Cooperativa de Consumo dos Empregados das Companhias Rhodia, Rhodiaceta e Valisère – que em 1997 mudou de nome para Coop. 

Em poucos anos, o número de cooperados saltou para mais de 3 mil e, ainda na década de 1950, a cooperativa começou a abrir mais unidades. Em 1970, tornou-se uma cooperativa de livre adesão, ou seja, aberta a qualquer pessoa interessada em fazer compras com preços justos. No fim da década, a Coop já tinha quase 75 mil associados de várias cidades do Grande ABC.

Nos anos 1990, passou atuar também no setor de farmácias e criou uma marca própria de produtos, abrindo caminho para se tornar a maior cooperativa de consumo da América Latina na década seguinte e chegar ao primeiro milhão de cooperados. Durante a pandemia de covid-19, criou dois canais de compras online, um para os supermercados e outro para produtos das farmácias. 

Para o diretor-geral da Coop, Pedro Mattos, atuar com base nos princípios cooperativistas é um dos motivos para os resultados da cooperativa paulista em 70 anos de atuação. “Por sete décadas seguimos os princípios do cooperativismo, contribuindo com a comunidade não apenas no emprego e geração de renda, como também ao colaborar com pessoas menos favorecidas, por meio de programas e projetos sociais, culturais, esportivos e de promoção da saúde”, afirma. 

Em 70 anos, muitos cooperados tiveram a Coop como parte do cenário de suas vidas e de momentos com suas famílias, como o aposentado Antônio Albardeiro, cooperado desde 1968. “Tenho histórias com a Coop que marcaram minha vida. Além de sempre poder comprar o que precisamos na cooperativa, como cooperado também aprendi a valorizar a honestidade e o caráter. A Coop foi uma escola para mim”, afirma. A história de Albardeiro com a Coop está na websérie SomosCoop na Estrada e no podcast PodCooperar, produzidos pelo Sistema OCB. 

Tradição no agro

No setor agropecuário, a tradição cooperativista é reconhecida nacionalmente. Responsáveis por metade da produção de grãos do país e com participação significativa no mercado de leite e carnes, as cooperativas agropecuárias estão no dia a dia dos brasileiros, com marcas e produtos reconhecidos por várias gerações. 

A Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), que completa 76 anos em 2024, criou e manteve por mais de 50 anos a marca Itambé, uma das mais conhecidas pelos consumidores brasileiros. Criada em 1948, a central atualmente reúne 31 cooperativas e 25 mil cooperados e capta 90 milhões de litros de leite por mês. 

A CCPR tem a trajetória marcada pela colaboração com instituições acadêmicas para o desenvolvimento de pesquisas sobre a produção de laticínios e pela atuação institucional em defesa dos interesses dos cooperados ao longo de décadas. 

Para o presidente da central, Marcelo Candiotto, a história da CCPR é um exemplo de como a união e a cooperação podem gerar resultados duradouros e positivos para as pessoas diretamente envolvidas e para a sociedade como um todo.

“Chegar aos 76 anos de história com solidez e estabilidade, mesmo diante das adversidades econômicas do nosso país, é algo que merece ser celebrado. Para os cooperados, a longevidade representa segurança e confiança, eles sabem que estão associados a uma organização sólida, capaz de enfrentar crises e se adaptar às mudanças do mercado. Para a sociedade, demonstra a viabilidade e a resiliência do modelo cooperativista. Isso inspira outras iniciativas e reforça a importância da cooperação e da solidariedade como pilares para o desenvolvimento econômico e social”, afirma. 

Presidente da CCPR desde 2017, Candiotto diz que uma das estratégias da central para se manter firme e relevante no mercado por tantas décadas é investir continuamente na capacitação de cooperados e colaboradores e no desenvolvimento de processos e produtos para acompanhar as transformações tecnológicas do setor. “Outro fator importante é a sustentabilidade. Investimos em práticas que garantem a preservação ambiental e a responsabilidade social”, acrescenta.

Imagem da COP29
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Cooperativismo consolida protagonismo sustentável na COP 29

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A participação do cooperativismo brasileiro na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), em Baku, no Azerbaijão, mostrou a importância do segmento para uma economia mais verde e com menos impacto para o planeta. As cooperativas brasileiras participaram de painéis sobre combate às mudanças climáticas no setor agrícola e finanças sustentáveis. Realizado de 11 a 22 de novembro, o evento reuniu representantes de mais de 200 países em uma extensa agenda de negociações sobre ações para limitar o aquecimento global e mitigar seus impactos. 

“É parte da estratégia do Sistema OCB participar das Conferências do Clima das Nações Unidas como uma forma de destacar a atuação do cooperativismo como um instrumento de combate às mudanças climáticas", explica o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Alex Macedo.

No painel “O Papel das Cooperativas no Combate às Mudanças Climáticas”, vinculado ao Centro de Comércio Internacional, organismo associado às Nações Unidas, o Sistema OCB apresentou iniciativas de produção sustentável do setor agrícola, com a participação de duas grandes cooperativas brasileiras, a Cooxupé e a Coopercitrus.

Já o evento “Cooperativismo e Finanças Sustentáveis”, realizado no pavilhão do governo brasileiro na COP29, ressaltou a responsabilidade das cooperativas de crédito no financiamento de iniciativas verdes. A apresentação incluiu cases do Sicredi, Cresol Minas Gerais e Sicoob, além da participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

 “A COP29 é uma oportunidade única para mostrar como as cooperativas brasileiras lideram os quesitos inovação e responsabilidade na agenda da sustentabilidade, além de apoiar metas globais. São inúmeros os exemplos de que é possível desenvolver iniciativas de impacto econômico e social positivo, sem abrir mão de preservar o planeta”, afirma a superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella.

Agricultura coop e sustentável 

No agronegócio, um dos setores com maior potencial de ações de mitigação de emissões de gases de efeito estufa (que agravam o aquecimento global), o cooperativismo tem sido protagonista em produzir com sustentabilidade. Na COP29, cooperativas brasileiras mostraram que é possível construir uma cadeia tecnológica para emitir menos carbono na atmosfera e, ao mesmo tempo, contribuir para a inclusão de pequenos produtores no mercado. 

O presidente do Conselho de Administração da Coopercitrus, Matheus Kfouri, afirma que o cooperativismo tem possibilitado a entrada de agricultores brasileiros nesse novo modelo de produção, por meio de suporte técnico e acesso a tecnologias verdes. “A principal barreira para adoção de tecnologias que terão impacto ambiental positivo é o conhecimento. A cooperativa agrícola consegue demonstrar para o agricultor que as tecnologias vão entregar resultados positivos e os ensina a adotá-las. Em uma empresa privada isso dificilmente acontece”, pondera. 

Maior cooperativa de café do mundo, a mineira Cooxupé apresentou no Azerbaijão seu projeto Protocolo Gerações, de sustentabilidade econômica, social e ambiental, e outros programas que dão suporte a pequenos produtores de café. Entre as ações, a cooperativa prepara os agricultores para atender a padrões internacionais de certificação e rastreabilidade do café, garantindo acesso a mercados. 

“Apesar de sermos a maior coop do ramo, somos formados por pequenos produtores. O mundo pensa que a gente, por fazer parte do setor cafeeiro brasileiro, é enorme, que todos os nossos produtores são gigantes e não precisam de apoio. Mas ressaltamos que eles são pequenos produtores, dentro dos padrões nacionais, e que precisam sim de apoio, principalmente de reconhecimento para que toda a produção seja sustentável”, afirma a gerente de ESG da Cooxupé, Natalia Carr. 

Crédito para transformação 

Em outra contribuição do cooperativismo brasileiro para uma economia de baixo carbono, as cooperativas de crédito têm se destacado como agentes financiadores de projetos sustentáveis em várias áreas. Com regras específicas, os recursos viabilizam a geração de energias renováveis, apoio a agricultores familiares, inclusão produtiva de comunidades extrativistas, entre outros. 

“O cooperativismo de crédito trabalha com públicos vulneráveis com uma margem que, às vezes, não é tão rentável quanto a de uma grande instituição financeira. O setor está presente nas comunidades e financia projetos voltados à restauração de ecossistemas, à produção agrícola sustentável, ao empreendedorismo feminino e à inclusão de jovens e de mulheres”, ressalta Alex Macedo.

Um exemplo da atuação sustentável do cooperativismo financeiro levado à COP29 é o apoio do Sicredi para a construção de pequenas unidades de energia solar. Desde 2017, mais de R$ 12 bilhões em crédito foram destinados a esse tipo de projeto. “As cooperativas de crédito têm a oportunidade de promover soluções que estejam conectadas com a preservação ambiental. É nosso papel como instituição financeira com foco nas pessoas e nas comunidades”, afirma o diretor executivo de Sustentabilidade, Administração e Finanças do Sicredi, Alexandre Englert Barbosa.

A diretora e superintendente da Cresol MG, Mayara Viana Ribas, que também participou da COP em Baku, afirma que a conferência foi uma grande oportunidade para demonstrar como o cooperativismo pode liderar a transição para uma economia sustentável. “Esperamos que o cooperativismo de crédito saia ainda mais fortalecido e reconhecido pela sua atuação estratégica e presença nos territórios, principalmente nos mais vulneráveis.”

Segundo Ênio Meinen, diretor de Coordenação Sistêmica, Sustentabilidade e Relações Institucionais do Sicoob, a presença do cooperativismo de crédito brasileiro na Conferência reforçou o comprometimento do setor com as agendas globais de sustentabilidade. “Essa representatividade na COP29 também evidencia a contribuição ativa do cooperativismo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS], consolidando-o como uma alternativa real e essencial para enfrentar as demandas e desafios do século XXI”, afirma

 

Conheça algumas iniciativas de sustentabilidade apresentadas pelas cooperativas brasileiras nos painéis na COP29: 

 

Cooperativa: Coopercitrus

Ação: A Coopercitrus, que conta com mais de 42 mil cooperados, alia tecnologia e práticas sustentáveis, contribuindo para a preservação de florestas nativas, a fim de promover uma agricultura regenerativa e mitigar mudanças climáticas. 


Cooperativa: Cooxupé

Ação: A Cooxupé criou o Protocolo Gerações, uma ferramenta de melhoria contínua que conta com auditorias independentes e fornece suporte aos pequenos produtores, tanto no quesito organizacional como para a obtenção de certificados de produção sustentável. 

 

Cooperativa: Cresol

Ação: A Cresol promove a sustentabilidade por meio do crédito a projetos verdes, em especial no setor de bioeconomia e agricultura familiar. Além disso, internamente, a cooperativa trabalha a diversidade como valor fundamental e promove a inclusão de mulheres em cargos de liderança.

 

Cooperativa: Sicredi

Ação: O Sicredi possui iniciativas de financiamento de energia renovável e agricultura sustentável. A cooperativa também apoia o empreendedorismo feminino por meio do programa Donas do Negócio.

 

Cooperativa: Sicoob
Ação: A parceria entre o Sicoob Credisul e indígenas Mamaindê, de Rondônia, fomenta negócios que geram renda e autonomia para a comunidade, também promove capacitação  para que possam autogerir o seu negócio.

Os exemplos de alinhamento do cooperativismo brasileiro à agenda climática apresentados na COP29 são apenas uma parte das milhares de iniciativas desenvolvidas em todos os ramos de atuação do coop no Brasil. Para dar visibilidade a esses projetos e inspirar outras cooperativas, o Sistema OCB criou o site Cooperação Ambiental, que reúne cases e reportagens especiais sobre a atuação sustentável do segmento cooperativista.

Rumo à COP30 no Brasil 

Para o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Alex Macedo, a presença na COP29 também mostrou a importância de estimular a implementação de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) nas cooperativas. “O mundo passa por um processo de mudanças climáticas sério, que já acomete várias comunidades. Como cooperativistas, temos a oportunidade de mitigar impactos e conscientizar as pessoas a fazerem sua parte”, pondera. 

De acordo com Macedo, a presença do cooperativismo em eventos internacionais aumenta a visibilidade do setor e gera novas oportunidades de negócios. “Um resultado prático dessa participação é o aumento do conhecimento sobre o cooperativismo por atores de organismos vinculados às Nações Unidas, centros de comércio, Banco Mundial. Isso tem reverberado do ponto de vista de negócios, de acesso a recursos financeiros internacionais”, explica. 

Em 2025, a Conferência do Clima será realizada em Belém, capital do Pará, e o cooperativismo já se prepara para ter uma participação expressiva. “A COP 30 no Brasil, juntamente com o Ano Internacional das Cooperativas, será um momento muito rico para gerarmos mais conhecimento sobre os benefícios à sociedade que o nosso modelo promove”, ressalta Alexandre Englert Barbosa, do Sicredi.

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O que é a intercooperação

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A intercooperação abre portas para novos negócios e ajuda a ampliar a participação de mercado e os resultados das cooperativas envolvidas. Assista ao vídeo e veja como a união entre cooperativas pode potencializar os resultados dos negócios cooperativos.

Cultura cooperativista pelo mundo

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As cooperativas foram declaradas Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, graças à sua contribuição essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Com presença em mais de 150 países, o modelo de negócio se destaca por oferecer soluções inovadoras para desafios sociais, promoção de empregos e cuidados com o meio ambiente. Descubra exemplos inspiradores de como o cooperativismo impacta positivamente o mundo.

infografia, com desenho  coop

O que é intercooperação

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A intercooperação é um dos pilares essenciais do cooperativismo, promovendo o fortalecimento das cooperativas por meio de parcerias estratégicas. Ao trabalhar em conjunto, as cooperativas criam um ambiente mais competitivo, ampliando oportunidades de negócio, reduzindo custos e oferecendo mais valor aos seus membros. Essa união entre diferentes cooperativas, tanto em nível local quanto internacional, potencializa o movimento cooperativista e solidifica sua presença no mercado.

O que é Coop

O que é cooperativismo?

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Nem sempre é fácil explicar o que é o cooperativismo, mas estamos aqui para te ajudar a entender! Este infográfico foi criado para responder as principais perguntas sobre o movimento cooperativista de forma clara e simples. Com 7 perguntas e respostas, você vai aprender o que é o cooperativismo, seu propósito, como funciona e quem pode participar. Vamos juntos explorar o poder da cooperação e como ela impacta a vida de pessoas e comunidades. Clique nos tópicos abaixo e descubra mais!

Grupo de pessoas em volta de uma mesa participando do curso
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DNA Cooperativo promove imersão sobre o cooperativismo pelo Brasil

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"Conhecer, viver e disseminar", esse é o tripé que o Sistema OCB acredita ser necessário para a difusão do cooperativismo. Com base nessas três etapas, a instituição criou o programa DNA Cooperativo, uma imersão no nosso modelo de negócio para capacitar e apoiar as cooperativas na preservação e fortalecimento da identidade cooperativista. 

A necessidade de uma solução inovadora para fortalecer a cultura cooperativista foi identificada pela Pesquisa Nacional do Cooperativismo, realizada para estruturar os debates do 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC). O levantamento revelou que 56% das lideranças consideram a conscientização dos cooperados sobre os princípios coop o maior desafio na gestão e governança. Já 49% relataram baixa participação e engajamento dos cooperados no dia a dia das cooperativas como a principal dificuldade nessa área. 

Com conteúdo atrativo, dinâmicas lúdicas e troca de experiências entre os participantes, a imersão DNA Cooperativo foi a solução formativa encontrada para resgatar os princípios e valores do cooperativismo e o envolvimento com a cultura coop. 

Em oito horas de duração, a imersão aborda, com dados e informações, a história do cooperativismo no mundo e no Brasil, explica os princípios e valores do movimento e nossa atuação nos sete ramos. Desenvolvido para turmas de 30 pessoas, o programa estimula a interação e troca de experiências para conectar os interesses individuais dos participantes com os propósitos do movimento cooperativista. 

Jornada coop  

O analista de Desenvolvimento de Cooperativas no Sistema OCB, Joaci Medeiros, um dos idealizadores do programa, conta que a imersão foi inspirada no DNA Sicoob, projeto do sistema cooperativista de crédito para incentivar e fortalecer a identidade coop entre os novos colaboradores da instituição. Além disso, para conhecer de perto as raízes do cooperativismo brasileiro, o núcleo responsável pelo desenvolvimento do DNA Cooperativo foi até Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, onde nasceu a Sicredi Pioneira, primeira cooperativa de crédito do país. 

"O DNA Cooperativo foi construído a muitas mãos, tivemos três pilotos até chegar a essa solução atual", lembra Medeiros. A aplicação do programa teve uma fase piloto com três etapas: primeiro, turmas de colaboradores do Sistema OCB Nacional; em seguida, representantes de Organizações Estaduais de todo o Brasil viajaram a Brasília para um segundo teste; e o terceiro grupo reuniu representantes do ramo Crédito. 

Após a validação na etapa piloto, 34 turmas demonstrativas da imersão DNA Cooperativo já foram realizadas pelo país, em um total de quase mil pessoas impactadas pela solução. Além disso, houve nove formações de multiplicadores para ampliar o alcance do programa. 

E os resultados têm sido satisfatórios. A nota média dos participantes em relação à satisfação com o programa é 9,8, a qual está na Zona de Encantamento da metodologia Net Promoter Score (NPS), que utiliza ferramentas de pesquisa e classificação para analisar o nível de satisfação. Já a respeito da aplicação do conteúdo no dia a dia, em uma escala de 0 a 5, a média é de 4,8. 

Segundo Medeiros, os dados refletem o sucesso e a importância da iniciativa para a disseminação da cultura cooperativista. “O intuito é que, ao final do DNA Cooperativo, os participantes tenham entendido que o cooperativismo é um movimento global e centenário, que cresce continuamente e está cada vez mais consolidado no Brasil. Ele se origina de dores, mas se realiza em torno da união de pessoas que tem um propósito em comum e evolui à medida que seus cooperados e colaboradores pensam, vivem, compram e fazem negócios”, pondera. 

Experiência compartilhada 

No Sistema OCB Nacional, todos os colaboradores internos passaram pela imersão, inclusive quem acabou de entrar na Casa do Cooperativismo, como  a analista de Desenvolvimento de Cooperativas, Sabrina Carvalho, recém-efetivada. "Participar da imersão foi essencial para resgatar a sensação de pertencimento, de colaboração, de cooperação, de estar todo mundo junto, de que juntos conseguimos chegar mais longe”, avalia. 

Para o analista em Documentação do Sistema OCB, Edvan Moura, o momento mais interessante da imersão DNA Cooperativo foi a interação com outros cooperativistas. "Foi muito valioso ouvir o depoimento dos outros colegas sobre cooperativismo, como isso atravessa cada um. O cooperativismo é um movimento econômico, mas não deixa de ser uma ideologia, uma forma de enxergar o mundo. E o DNA Cooperativo é uma ferramenta que leva os princípios e o propósito do cooperativismo para várias pessoas e mais partes interessadas”, destaca. 

Colaborador do Sistema OCB desde 2011, Moura conta que descobriu fatos importantes sobre o cooperativismo durante o programa e ficou impressionado com a força econômica do nosso modelo de negócio. Dados da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) apresentados na imersão mostram que se as 300 maiores cooperativas do mundo fossem um país, seriam a oitava maior economia do mundo, com faturamento combinado de US$2,4 trilhões. 

Com o sucesso das primeiras turmas, o programa DNA Cooperativo está em fase de planejamento da expansão e o objetivo do Sistema OCB é levar a iniciativa para mais pessoas em todo o país, com o apoio das Organizações Estaduais. "Já tivemos turmas no Crédito, vamos realizar turmas no ramo Saúde, este movimento está ganhando corpo. O público-alvo são cooperados e colaboradores das cooperativas. Nas turmas demonstrativas, as Organizações Estaduais puderam entender o que é o DNA Cooperativo para facilitar a oferta da solução para as cooperativas de seus respectivos estados", explica Joaci Medeiros.

Ficou interessado em participar da imersão? Procure sua Organização Estadual para saber como sua cooperativa pode fazer parte do programa DNA Cooperativo.